O conjunto das coisas que andamos fazendo na migração (ou na nossa transição de vida) configura um movimento inovador baseado na pessoalização, quer dizer, na humanização. Mas não se trata daquele velho humanismo dos valores e sim da emergência do social enquanto criação alterpoiética. O humano não está dado: nem pela biologia, nem pela cultura. O que está dado do humano é apenas o humanizável. Humano é o que se humaniza. Ele cria a si mesmo à medida que se torna pessoa. Essa humanização que é pessoalização ocorre numa dimensão de entreidade: no entre-nós e não dentro de cada um. Isso vale para as novas formas de convivência que não aprisionam ou condicionam os fluxos interativos. Isso vale para os novos processos de livre-aprendizagem. Isso vale para a nova política num mundo altamente conectado ou para a democracia como modo-de-vida. Isso vale para as novas formas pós-religiosas de espiritualidade nas quais não somos protegidos da experiência de deus por uma hierarquia. Isso vale para os novos modos de empreender-em-rede. Porque quem faz tudo isso é a pessoa: o emaranhado, não o indivíduo. As organizações e as normas foram formatadas para o coletivo ou para o indivíduo, não para a pessoa (sempre unique). Mas a pessoa, unicamente a pessoa, é o que há de tipicamente humano em tudo que fazemos e somos.