O que você precisa saber sobre redes | Módulo 7

Módulo 7

Atenção: você vai ler abaixo um texto provocativo, elaborado para estimular a conversação. Você não precisa concordar necessariamente com o conteúdo do texto provocativo e sim ficar atento às suas indagações. Todas as referências bibliográficas serão fornecidas oportunamente.

Redes sociais são redes de pessoas. Pessoas são seres humanos. São iguais desse ponto de vista: por pertencerem, do ponto de vista biológico, ao mesmo gênero e espécie. Mas cada pessoa é unique, cada uma é diferente de todas as outras porque suas histórias fenotípicas, suas trajetórias de adaptações são diferentes (e os modos como integram suas experiências ou como espelham internamente seus relacionamentos, são sempre particulares: cada um se vê diferentemente com os olhos do outro).

Embora cada uma seja única, as pessoas em uma rede só são iguais em um sentido: na medida em que a rede for mais distribuída do que centralizada não há diferenças de poder entre elas, nenhuma é mais importante (ou menos importante) do que outra. Mas não são iguais no sentido de que todas devem viver e conviver do mesmo jeito, ter a mesma situação socioeconômica, as mesmas capacidades físicas, intelectuais e morais, a mesma aparência, as mesmas doenças e deficiências, as mesmas habilidades e competências, os mesmos gostos e desejos. Se houvesse esse tipo de igualdade, não haveria pessoas e sim indivíduos em série, robôs ou androides: uma massa indiferenciada. Ser pessoa é - definitivamente - ser diferente e não ser igual.

A questão da igualdade de oportunidades, embora correta, foi introduzida pelos que tinham uma visão do ser humano como indivíduo e não como pessoa (emaranhado de relacionamentos), o que dificultou a visão da rede. É claro que deve haver igualdade de oportunidades, mas isso não diz respeito às características intrínsecas de cada pessoa e sim aos padrões de relacionamento ou à forma como se organiza a rede em que as pessoas estão (e são). Em redes mais centralizadas do que distribuídas não haverá igualdade de oportunidades, mas não porque os indivíduos sejam intrinsecamente (geneticamente, originalmente) diferentes e sim porque eles terão menos conexões, menos caminhos e, consequentemente, menos oportunidades de aprender, de empreender, de ter acesso a recursos de toda ordem. A pobreza, nesse sentido, não seria, em primeiro lugar, insuficiência de renda e sim insuficiência de rede (quer dizer, de caminhos).

Em redes descentralizadas (mais centralizadas do que distribuídas), ou seja, em hierarquias - como a representada pela figura acima - as pessoas situadas no topo têm mais conexões (caminhos) do que as pessoas situadas na base da pirâmide. Por isso são mais ricas (no sentido de terem mais condições de desenvolverem suas potencialidades) do que as pessoas situadas na base.

Mas por que, apesar disso tudo, as pessoas continuam achando que redes são modelos de sociedades igualitaristas? Qual a confusão que estão fazendo?

  • Hudson Freitas

    A igualdade em modelos de sociedades igualitaristas se dá de forma a estrangular, ou, mesmo, eliminar a liberdade e, portanto, a interação livre. A igualdade, nessas ideologias, é tida como padronização de indivíduos, uniformização, igualação meramente material, homogeneização. Não é disso que se trata a igualdade em uma rede mais distribuída em que as pessoas estejam livremente interagindo. A noção de “igualdade de oportunidades”, se mostra problemática porque também pode remeter à ideia de oportunidades materiais, como ter a mesma quantidade ou tempo de escola, de alimentos, de renda, de vestimenta, etc. Prefiro a noção de contrafaticidade, de modo a compreender a igualdade como liberdade, no sentido de que as pessoas, quando livremente interagem, o fazem sem coação (interna ou externa), sem comandos hierárquicos, sem objetivos impostos e predeterminados, e sabem e esperam que as demais pessoas também assim irão interagir, enquanto quiserem, da forma que quiserem, mas sempre tendo a rede e seu fluxo na mesma abundância para todo aquele que nela queira fluir, na livre interação.

  • augustodefranco

    Este programa tem muitos módulos. Mas os textos são curtos. Dá tempo de concluir. Ainda estamos recolhendo material para elaborar o book, levando em conta as interações de todos. Teremos, além disso, as referências bibliográficas. E o hangout amanhã (11/11/15) às 19h. Vai ser na página: http://redes.org.br/25mitos-01-hangout/

  • 100% de acordo com a premissa da provocação: as pessoas são únicas. Novamente, me pergunto se as pessoas se fazem esse questionamento sobre as redes, tendo a julgar que não.

    Dito isso, tendo a acreditar que a qualidade das conexões é mais importante que a quantidade. Ou por outra: ninguém se questiona se o modelo da rede é igualitário, mas o tempo todo há um cuidado pela sua qualidade. Isso é que faz a diferença: as pessoas editam. Quantos aqui desfizeram amizades na última eleição?? O depuramento foi pelo critério da suposta qualidade, em detrimento de quantidade ou igualdade.

    Também parece-me quase irrelavante se a topografia é centralizada ou distribuída. Como as pessoas são únicas e se pautam pela qualidade, cada uma irá se adaptar a uma situação ou outra, com resultados assim ou assado. Digo “resultados” porque sempre vejo uma função utilitarista na interação. Caso contrário, melhor entrar numa rede… de frente pra praia, se isso for possível.

    Também não compro completamente a ideia de que tamanho da rede implica maiores oportunidades por si só. Isso é fácil de experimentar, basta fazer uma pesquisa de RH ou mesmo num LinkedIn. Existem os campeões de conectividade e existem os ogros. Deve existir ogros bem sucedidos em termos de rede, porque satisfeitos com seus pequenos relacionamentos, porém muito eficazes. E existem pessoas com 500+ ou 1K+ de conexões. Geralmente, são pessoas muito poderosas e influentes. Nesses casos, tendo a julgar que suas relações se ampliaram em função de seu poder, não o contrário.

    O objetivo da pesquisa seria identificar, por exemplo, se o número de ligações realmente importantes nos campeões é tão superior ao do grupo dos ogros. Tendo a considerar que não muito: nos dois casos, a partir de uma base mínima, ou seja, excluindo os ogros realmente solitários, a qualidade rege e o grupo, digamos, “vip” tende a ser do mesmo tamanho ou muito próximo.

    Reconheço que volta e meia retorno ao cerne do meu enfoque, que aliás é adotado nesse texto: a rede são as pessoas. Elas é que ditam os rumos da rede ao ditar seus próprios rumos dentro delas.

  • 100% de acordo com a premissa da provocação: as pessoas são únicas. Novamente, me pergunto se as pessoas se fazem esse questionamento sobre as redes, tendo a julgar que não.

    Dito isso, tendo a acreditar que a qualidade das conexões é mais importante que a quantidade. Ou por outra: ninguém se questiona se o modelo da rede é igualitário, mas o tempo todo há um cuidado pela sua qualidade. Isso é que faz a diferença: as pessoas editam. Quantos aqui desfizeram amizades na última eleição?? O depuramento foi pelo critério da suposta qualidade, em detrimento de quantidade ou igualdade.

    Também parece-me quase irrelavante se a topografia é centralizada ou distribuída. Como as pessoas são únicas e se pautam pela qualidade, cada uma irá se adaptar a uma situação ou outra, com resultados assim ou assado. Digo “resultados” porque sempre vejo uma função utilitarista na interação. Caso contrário, melhor entrar numa rede… de frente pra praia, se isso for possível.

    Também não compro completamente a ideia de que tamanho da rede implica maiores oportunidades por si só. Isso é fácil de experimentar, basta fazer uma pesquisa de RH ou mesmo num LinkedIn. Existem os campeões de conectividade e existem os ogros. Deve existir ogros bem sucedidos em termos de rede, porque satisfeitos com seus pequenos relacionamentos, porém muito eficazes. E existem pessoas com 500+ ou 1K+ de conexões. Geralmente, são pessoas muito poderosas e influentes. Nesses casos, tendo a julgar que suas relações se ampliaram em função de seu poder, não o contrário.

    O objetivo da pesquisa seria identificar, por exemplo, se o número de ligações realmente importantes nos campeões é tão superior ao do grupo dos ogros. Tendo a considerar que não muito: nos dois casos, a partir de uma base mínima, ou seja, excluindo os ogros realmente solitários, a qualidade rege e o grupo, digamos, “vip” tende a ser do mesmo tamanho ou muito próximo.

    Reconheço que volta e meia retorno ao cerne do meu enfoque, que aliás é adotado nesse texto: a rede são as pessoas. Elas é que ditam os rumos da rede ao ditar seus próprios rumos dentro delas.

  • Acho que a confusão está sendo feita exatamente na não diferenciação entre igualdade de características e igualdade de oportunidades. Aliás, a maior parte das pessoas ricas no sentido de terem mais conexões não se dão conta de que são privilegiadas devido a essas conexões. São benefícios e privilégios não ditos e totalmente determinantes.

    • Bem colocado, Natália. É um campo interessante de investigação a influência das redes sociais no acesso a recursos e oportunidades. E também das redes como condição para o desenvolvimento humano sustentado (que não existe sem capital social, algo geralmente esquecido por iniciativas e “políticas públicas” de desenvolvimento, sobretudo governamentais).

  • Acho que a confusão está sendo feita exatamente na não diferenciação entre igualdade de características e igualdade de oportunidades. Aliás, a maior parte das pessoas ricas no sentido de terem mais conexões não se dão conta de que são privilegiadas devido a essas conexões. São benefícios e privilégios não ditos e totalmente determinantes.

  • Fernando Lasman

    acho que a confusao, desta vez, é que o que se diz da rede, que concerne a padroes de relacionamento, se troca pelas caracteristicas dos individuos, como se a rede nao houvesse relaçoes. quando tratamos de redes tratamos de relaçoes, que estao alem do individuo, exteriores. de outra forma, as caracteristicas proprias destes nao sao contempladas quando abordamos as redes. se se omite a questao de que estamos abordando os padroes de relacionamento, forçamos a imaginaçao a tratar de um grupo de indiviuduos, propriamente. se se retira as relaçoes, ficamos com um conjunto de individuos. como nao contempla-se as relaçoes e suas qualidades, comtempla-se os individuos em suas qualidades. ja que as qualidades individuais sao a unica substancia com a qual se pode lidar e fazer comparaçoes, entao sao estas qualidades que sao colocadas na questao da igualdade. sendo assim. a confusao se da pela nao observaçao das relaçoes entre as pessoas, o que leva a tratar-se do problema da igualdade como algo que se refere aos individuos diretamente. — fui redundante que só.. mas acho que ajuda quando expressamos de varias maneiras a mesma coisa, quando queremos compreender ou explicar.

    • augustodefranco

      Sim, Fernando Lasman.

  • Fernando Lasman

    acho que a confusao, desta vez, é que o que se diz da rede, que concerne a padroes de relacionamento, se troca pelas caracteristicas dos individuos, como se a rede nao houvesse relaçoes. quando tratamos de redes tratamos de relaçoes, que estao alem do individuo, exteriores. de outra forma, as caracteristicas proprias destes nao sao contempladas quando abordamos as redes. se se omite a questao de que estamos abordando os padroes de relacionamento, forçamos a imaginaçao a tratar de um grupo de indiviuduos, propriamente. se se retira as relaçoes, ficamos com um conjunto de individuos. como nao contempla-se as relaçoes e suas qualidades, comtempla-se os individuos em suas qualidades. ja que as qualidades individuais sao a unica substancia com a qual se pode lidar e fazer comparaçoes, entao sao estas qualidades que sao colocadas na questao da igualdade. sendo assim. a confusao se da pela nao observaçao das relaçoes entre as pessoas, o que leva a tratar-se do problema da igualdade como algo que se refere aos individuos diretamente. — fui redundante que só.. mas acho que ajuda quando expressamos de varias maneiras a mesma coisa, quando queremos compreender ou explicar.

    • augustodefranco

      Sim, Fernando Lasman.

  • Jacques Schwarzstein

    Está bem… Se considerarmos como único critério de igualdade de oportunidades a variável do número de conexões e intensidade máxima de interações que uma pessoa pode estabelecer em uma rede distribuída de modo absolutamente ideal, vamos chegar a conclusão de que todos os que a integram tem as mesmas oportunidades e, deste ponto de vista, são iguais. Mas é claro que, assim como não existem duas pessoas absolutamente iguais, essa igualdade de possibilidades de interação também não existe na rede, por mais distribuída e perfeita que esta seja. Numa rede distribuída e não hierarquizada, sempre há aqueles que, por interesse, por iniciativa, por serem mais comunicativos que a maioria ou por sentirem maior necessidade de interação também estabelecerão mais conexões e fluxos mais intensos que as demais. Intencionalmente ou não, terão uma posição diferenciada e de maior influência. Oras, na medida em que algumas “alcançam” esse estatua de maior influência, as demais, mesmo tendo diante de si todas as possibilidades, já se verão numa posição de inferioridade. Daí a cairmos na meritocracia é um passo de formiga. Oras, se nem mesmo em redes perfeitamente distribuídas as pessoas vão se articular através de fluxos igualitários (a estrutura o é, mas os fluxos não são) porque acreditam viver um modelo igualitarista nas democracias participativas, ou em empresas, clubes, associações absolutamente hierarquizados e de redes centralizadas? Mais uma vez, infindáveis respostas para uma mesma pergunta: 1) porque há pouco mais de um século vivíamos um regime escravocrata e em comparação com o mesmo o regime atual é absurdamente democrático? 2) Porque a ditadura militar acabou há menos de 40 anos e ainda está presente na memória de muita gente. 3) Porque nas organizações hierarquizadas mais modernas as pessoas têm superiores hierárquicos bem treinados que as escutam e respeitam (até certo ponto, ao menos) e porque os departamentos de RH sabem lidar com os funcionários. 4) Porque estão resignadas e se julgam inferiores ou incompetentes para opinar e entender o que se passa lá no alto da pirâmide? 5) Porque ainda hoje, planeta a fora, as pessoas vivem situações de absoluto terror. 6) Porque acreditam que, no mundo, manda quem pode e obedece quem tem juízo? 6) Porque não foram educadas para a autonomia e o protagonismo? 7) Porque uma vez por ano participam de um churrasco da empresa e podem até conversar com o Diretor Presidente? Porque? Porque? Porque?

    • Fernando Baptista

      Pensemos aqui no nosso caso, nesse programa… aqui no fórum somos um conjunto de pessoas emaranhadas numa conversação (acopladas umas às outras)… somos diferentes, temos histórias fenotípicas diferentes, mas aqui nesse fórum todo mundo está a princípio em pé de igualdade para poder postar, comentar, dizer o que quiser quando quiser… nesse caso existe um potencial relacional máximo, delimitado apenas pelo próprio continuum mediático que nos acopla (no sentido que expliquei lá no primeiro módulo). Mas digamos agora que uma pessoa aqui começa a ganhar a simpatia de outras de maneira particular, e se sente empoderado e passa a tentar mediar a conversação (se investe de uma missão, seja lá qual for)… e começa a dizer: fulano, agora é você quem posta, e o ciclano tem que esperar você postar primeiro pra só depois postar… e beltrano, o que você disse antes foi bobagem, vai ficar três rodadas de castigo pra aprender a pensar melhor no que diz… se os outros começarem a obedecer o pretenso mediador, o potencial topológico de rede vai se modificar… e se esse papel de moderador se cristalizar, as pessoas já não estarão no mesmo pé de igualdade para conversar umas com as outras, estarão submetidas ao poder do mediador. Nesse caso, algumas pessoas foram colocadas em posição interativa inferior precisamente porque ocorreu limitação de possibilidades, de caminhos de conversação, ou até mesmo porque suas reputações foram comprometidas (também um tipo de bloqueio de possíveis caminhos). Por outro lado, digamos que alguém aqui entre nós não domine o idioma português, e por conta disso tenha dificuldades de compreender e se exprimir nessa conversa… nesse caso, a pessoa estaria já de partida numa situação desprivilegiada… mas digamos que nesse caso alguém resolva ajudá-la, atuando como interprete ou até mesmo ensinando o idioma. Acho que esses exemplos ajudam a pensar de modo prático sobre como essas iniciativas particulares modificam o potencial relacional e eventualmente a topologia da rede.

      Em relação aos porquês, acho que o ponto comum entre eles tem a ver com a existência de bloqueios de caminhos, real ou percebida. Acho que dá pra tentar explorar as perguntas a partir daí.

      • Jacques Schwarzstein

        Gosto disso….

    • Marcia Borges

      Sempre fiz estas questões. Tenho propensão a achar que a idéia Barry Schwartz sobre a “tecnologia da idéia” traz alguma luz para esses porquês. Gostei do TED dele sobre isso (https://www.ted.com/talks/barry_schwartz_the_way_we_think_about_work_is_broken/transcript?language=pt-br) e a acho também que a ciência teve uma participação muito intensa nestes padrões: de comportamento, de interação e dos resultados desses processos desde a Revolução Industrial.

  • Jacques Schwarzstein

    Está bem… Se considerarmos como único critério de igualdade de oportunidades a variável do número de conexões e intensidade máxima de interações que uma pessoa pode estabelecer em uma rede distribuída de modo absolutamente ideal, vamos chegar a conclusão de que todos os que a integram tem as mesmas oportunidades e, deste ponto de vista, são iguais. Mas é claro que, assim como não existem duas pessoas absolutamente iguais, essa igualdade de possibilidades de interação também não existe na rede, por mais distribuída e perfeita que esta seja. Numa rede distribuída e não hierarquizada, sempre há aqueles que, por interesse, por iniciativa, por serem mais comunicativos que a maioria ou por sentirem maior necessidade de interação também estabelecerão mais conexões e fluxos mais intensos que as demais. Intencionalmente ou não, terão uma posição diferenciada e de maior influência. Oras, na medida em que algumas “alcançam” esse estatua de maior influência, as demais, mesmo tendo diante de si todas as possibilidades, já se verão numa posição de inferioridade. Daí a cairmos na meritocracia é um passo de formiga. Oras, se nem mesmo em redes perfeitamente distribuídas as pessoas vão se articular através de fluxos igualitários (a estrutura o é, mas os fluxos não são) porque acreditam viver um modelo igualitarista nas democracias participativas, ou em empresas, clubes, associações absolutamente hierarquizados e de redes centralizadas? Mais uma vez, infindáveis respostas para uma mesma pergunta: 1) porque há pouco mais de um século vivíamos um regime escravocrata e em comparação com o mesmo o regime atual é absurdamente democrático? 2) Porque a ditadura militar acabou há menos de 40 anos e ainda está presente na memória de muita gente. 3) Porque nas organizações hierarquizadas mais modernas as pessoas têm superiores hierárquicos bem treinados que as escutam e respeitam (até certo ponto, ao menos) e porque os departamentos de RH sabem lidar com os funcionários. 4) Porque estão resignadas e se julgam inferiores ou incompetentes para opinar e entender o que se passa lá no alto da pirâmide? 5) Porque ainda hoje, planeta a fora, as pessoas vivem situações de absoluto terror. 6) Porque acreditam que, no mundo, manda quem pode e obedece quem tem juízo? 6) Porque não foram educadas para a autonomia e o protagonismo? 7) Porque uma vez por ano participam de um churrasco da empresa e podem até conversar com o Diretor Presidente? Porque? Porque? Porque?

    • Fernando Baptista

      Pensemos aqui no nosso caso, nesse programa… aqui no fórum somos um conjunto de pessoas emaranhadas numa conversação (acopladas umas às outras)… somos diferentes, temos histórias fenotípicas diferentes, mas aqui nesse fórum todo mundo está a princípio em pé de igualdade para poder postar, comentar, dizer o que quiser quando quiser… nesse caso existe um potencial relacional máximo, delimitado apenas pelo próprio continuum mediático que nos acopla (no sentido que expliquei lá no primeiro módulo). Mas digamos agora que uma pessoa aqui começa a ganhar a simpatia de outras de maneira particular, e se sente empoderado e passa a tentar mediar a conversação (se investe de uma missão, seja lá qual for)… e começa a dizer: fulano, agora é você quem posta, e o ciclano tem que esperar você postar primeiro pra só depois postar… e beltrano, o que você disse antes foi bobagem, vai ficar três rodadas de castigo pra aprender a pensar melhor no que diz… se os outros começarem a obedecer o pretenso mediador, o potencial topológico de rede vai se modificar… e se esse papel de moderador se cristalizar, as pessoas já não estarão no mesmo pé de igualdade para conversar umas com as outras, estarão submetidas ao poder do mediador. Nesse caso, algumas pessoas foram colocadas em posição interativa inferior precisamente porque ocorreu limitação de possibilidades, de caminhos de conversação, ou até mesmo porque suas reputações foram comprometidas (também um tipo de bloqueio de possíveis caminhos). Por outro lado, digamos que alguém aqui entre nós não domine o idioma português, e por conta disso tenha dificuldades de compreender e se exprimir nessa conversa… nesse caso, a pessoa estaria já de partida numa situação desprivilegiada… mas digamos que nesse caso alguém resolva ajudá-la, atuando como interprete ou até mesmo ensinando o idioma. Acho que esses exemplos ajudam a pensar de modo prático sobre como essas iniciativas particulares modificam o potencial relacional e eventualmente a topologia da rede.

      Em relação aos porquês, acho que o ponto comum entre eles tem a ver com a existência de bloqueios de caminhos, real ou percebida. Acho que dá pra tentar explorar as perguntas a partir daí.

      • Jacques Schwarzstein

        Gosto disso….

    • Marcia

      Sempre fiz estas questões. Tenho propensão a achar que a idéia Barry Schwartz sobre a “tecnologia da idéia” traz alguma luz para esses porquês. Gostei do TED dele sobre isso (https://www.ted.com/talks/barry_schwartz_the_way_we_think_about_work_is_broken/transcript?language=pt-br) e a acho também que a ciência teve uma participação muito intensa nestes padrões: de comportamento, de interação e dos resultados desses processos desde a Revolução Industrial.

  • Marcelo Yamada

    Imagino que entendamos (todos) a igualdade como igualdade de oportunidades. Que, como disse Kruel mais abaixo, não é necessariamente desejada por todos os membros da rede.

  • Marcelo Yamada

    Imagino que entendamos (todos) a igualdade como igualdade de oportunidades. Que, como disse Kruel mais abaixo, não é necessariamente desejada por todos os membros da rede.

  • Fatima Melca

    Acho que se pensam que em rede todos são iguais, não pararam para pensar na topologia da rede. Mesmo nas mais hierarquicas fica dificil imaginar que elas são iguais. A interação é diferente. e não só em uma rede. Na vida, somos diferentes. Percebemos coisas de modo diferente, gostamos de coisas de maneiras diferentes. Interagimos com tudo de modo diferente. Somos pessoas, temos as nossas vivencias…Será que estão levando em conta que estar em rede, dá as pessoas os mesmos poderes? Acho que a rede te possibilita fazer as suas escolhas, escolher o caminho que mais te agrada. Se conectar com quem você quiser. Mas isso tudo é ampliar as suas possibilidades.As suas e de todos.

  • Fatima Melca

    Acho que se pensam que em rede todos são iguais, não pararam para pensar na topologia da rede. Mesmo nas mais hierarquicas fica dificil imaginar que elas são iguais. A interação é diferente. e não só em uma rede. Na vida, somos diferentes. Percebemos coisas de modo diferente, gostamos de coisas de maneiras diferentes. Interagimos com tudo de modo diferente. Somos pessoas, temos as nossas vivencias…Será que estão levando em conta que estar em rede, dá as pessoas os mesmos poderes? Acho que a rede te possibilita fazer as suas escolhas, escolher o caminho que mais te agrada. Se conectar com quem você quiser. Mas isso tudo é ampliar as suas possibilidades.As suas e de todos.

  • Cris Kruel

    Me pergunto se, como os nodos de uma rede social são humanos, então todos os nodos são iguais, ou justamente por serem humanos todos são diferentes? Quanto mais distribuída a rede mais seus nodos terão igualdade de oportunidades. Mas como são humanos, talvez alguns não queiram a responsabilidade que vem com a liberdade. Curioso para ver e aprender com os comentários de vocês…

    • augustodefranco

      Como são humanos – isto é, pessoas – todos são diferentes. Experimente pensar no padrão de relações e não nas partes, Kruel.

      • Cris Kruel

        Captei que… Redes (mais distribuídas que centralizadas) promovem a igualdade de oportunidades para as pessoas (relações, caminhos, conexões…) mas não tornar as pessoas iguais.

        • Fernando Lasman

          entao , acho essencial fazer a distinçao da diferença de qualidades proprias dos nodos com as diferenças dos padroes de relaçoes dos nodos. tipo assim, diferenças interiores (cor da pele, tamanho, habilidades, etc) e exteriores (quantidade e qualidade das relaçoes). falando de redes nos referimos exclusivamente aos padroes de relaçoes entre as pessoas, que sao caracteristicas exteriores, portanto, a elas. ou seja, falando de redes falamos a despeito das qualidades intrinsecas das pessoas, ja que estaremos tratando das relaçoes… podemos colocar isso de diversas formas, mas o conceito central é que redes = padroes de relaçoes que, por sua vez, sao exteriores as pessoas, pois sao realizadas em conjunto, com mais de um, etc..

        • Simone M Almeida

          Também acho isso, Kruel. A igualdade de oportunidades se dá, mas as pessoas continuam sendo diferentes e suas diferenças também estão pautadas em suas vivências, o que pode mudar completamente a sua interação com os demais nodos.

  • Cris Kruel

    Me pergunto se, como os nodos de uma rede social são humanos, então todos os nodos são iguais, ou justamente por serem humanos todos são diferentes? Quanto mais distribuída a rede mais seus nodos terão igualdade de oportunidades. Mas como são humanos, talvez alguns não queiram a responsabilidade que vem com a liberdade. Curioso para ver e aprender com os comentários de vocês…

    • augustodefranco

      Como são humanos – isto é, pessoas – todos são diferentes. Experimente pensar no padrão de relações e não nas partes, Kruel.

      • Cris Kruel

        Captei que… Redes (mais distribuídas que centralizadas) promovem a igualdade de oportunidades para as pessoas (relações, caminhos, conexões…) mas não tornar as pessoas iguais.

        • Fernando Lasman

          entao , acho essencial fazer a distinçao da diferença de qualidades proprias dos nodos com as diferenças dos padroes de relaçoes dos nodos. tipo assim, diferenças interiores (cor da pele, tamanho, habilidades, etc) e exteriores (quantidade e qualidade das relaçoes). falando de redes nos referimos exclusivamente aos padroes de relaçoes entre as pessoas, que sao caracteristicas exteriores, portanto, a elas. ou seja, falando de redes falamos a despeito das qualidades intrinsecas das pessoas, ja que estaremos tratando das relaçoes… podemos colocar isso de diversas formas, mas o conceito central é que redes = padroes de relaçoes que, por sua vez, sao exteriores as pessoas, pois sao realizadas em conjunto, com mais de um, etc..