O que você precisa saber sobre redes | Módulo 19

Módulo 19

Atenção: você vai ler abaixo um texto provocativo, elaborado para estimular a conversação. Você não precisa concordar necessariamente com o conteúdo do texto provocativo e sim ficar atento às suas indagações. Todas as referências bibliográficas serão fornecidas oportunamente.

Há quem pense isso. De certo quem pensa assim imagina que as coisas devam durar indefinidamente (ou, pelo menos, enquanto elas - e seus descendentes - viverem). Mas o que é durar? Há alguma coisa que dure para sempre? A imensa maioria das organizações hierárquicas que conhecemos dura muito? Em 1937 o tempo médio de vida de uma empresa era 75 anos. No final de 2011 caiu para 15 anos. Qual será esse tempo em 2030?

A rede é móvel, é um "bicho-vivo". Qual bicho vivo que conhecemos que dura muito? No entanto, o padrão se conserva. Num ecossistema (que se organiza segundo um padrão de rede) os seres vivos, indivíduos de múltiplas espécies, nascem e morrem continuamente (e nesse sentido pode-se dizer que não duram muito), mas o ecossistema pode permanecer se transformando durante longo tempo. As formigas nascem e logo morrem em um formigueiro, mas o formigueiro (que é uma rede) se mantém por muito mais tempo. Aliás, quem se reproduz - como padrão de organização - é o formigueiro (ainda quando substituamos todas as suas formigas, uma a uma, um formigueiro continuará se comportando da mesma maneira).

As evidências mostram que tudo que é sustentável tem um padrão de rede. Mas o que é sustentável não dura para sempre como é: se transforma, se adapta às mudanças do meio, se modifica continuamente. O que se mantém é a trajetória de adaptações. O que é sustentável muda para ser o que pode ser, como continuidade da sua história fenotípica.

A despeito de todas as evidências, porém, as redes duram muito. Muito mais do que qualquer organização hierárquica, mas não da forma como algumas perduraram porque foram congeladas (ou "conservadas em formol"). Não duram mantendo a mesma identidade original e sim mudando ao sabor do vento interativo. Por isso é inútil articular uma rede esperando que ela vai continuar sendo sempre a mesma. Ela será moldada pela interação. Podemos saber como começa (nem isso, na verdade, mas vá-lá), mas não como vai se desenvolver. A não ser que fechemos a rede, estabelecendo fronteiras opacas, cortando conexões, condicionando fluxos, selecionando nodos (estabelecendo controles migratórios que vão dizer quem pode entrar e o quem não pode), separando clusters: mais aí, se fizermos isso, vamos construir inexoravelmente uma organização hierárquica, não uma rede.

Por que será que algumas pessoas se preocupam tanto com a duração de uma rede? O que, na verdade, as preocupa?

  • augustodefranco

    Olá, amigos e amigas. O programa não acabou. Ainda estamos recolhendo material para elaborar o book, levando em conta as interações de todos. Teremos, além disso, as referências bibliográficas. E o hangout amanhã às 19h. Vai ser na página: http://redes.org.br/25mitos-01-hangout/

  • augustodefranco

    AVISANDO. O hangout previsto para hoje foi adiado para 11/11/2015. Veja mais informações na página http://redes.org.br/25mitos-0

  • Marcia Borges

    Acho que a preocupação com a duração é basicamente uma preocupação com a estabilidade, que sempre foi uma ferramenta usada em casos de medo. A estabilidade de voltar pra um lugar seguro que esteve sempre lá. Uma parte acredito que seja atavismo mesmo: tendência a seguir mecanismos de segurança.que ficaram registrados na nossa biologia. Mas se a história é como nos contam os historiadores de plantao, sempre houve muitas mudanças, reviravoltas, guerras, eliminação de espécies da história , acho que talvez essa questão do nosso medo de mudança devesse ser estudado num recorte de tempo/espaço . Mudamos o tempo todo, portanto nossas redes biológicas e sociais também não duram, se modificam, desde que nascemos até a morte e porque isso não é interiorizado? São todas mudanças difíceis, mas tenho o palpite que talvez já tenha um benchmarking para se agarrar se der algo errado? Também podemos dar algum crédito para a epidemia desta época, a ansiedade e a depressão ( que pelo que vi em alguns estudos literalmente anestesiam o corpo/mente dos seres deixando os e incapazes de seguir o fluxo).O que gera mais medo e aí mora o ponto: as pessoas querem algo que durem , e como também acho que até simbolicamente (quando estudamos os simbolos astrológicos isso é bem detectável) a busca da estabilidade no externo, em uma proteção , inclusive para poder voltar depois de pular no abismo. “Se nada der certo, eu tenho um porto seguro”. Qua alías, é também mais uma expectativa, pois o porto já está cheio de outros barcos mais modernos, já teve tsunami e já mudou muito.

  • Fatima Melca

    Sim, tudo que é sustentável tem um padrão de rede, mas o que é sustentável não dura para sempre como é: se transforma, se adapta às mudanças do meio, se modifica continuamente. Se não fosse assim , não iria se sustentar. Tudo muda, nos mudamos, as coisas mudam, as necessidades mudam, as exigencias também. Então, o que funcionava antes, não funciona agora. Tem que mudar, para acompanhar as novas exigencias. Se não mudar, fica estagnada no tempo. A rede tem que mudar para continuar existindo. Novas interações mantem a rede viva.

  • Fatima Melca

    Sim, tudo que é sustentável tem um padrão de rede, mas o que é sustentável não dura para sempre como é: se transforma, se adapta às mudanças do meio, se modifica continuamente. Se não fosse assim , não iria se sustentar. Tudo muda, nos mudamos, as coisas mudam, as necessidades mudam, as exigencias também. Então, o que funcionava antes, não funciona agora. Tem que mudar, para acompanhar as novas exigencias. Se não mudar, fica estagnada no tempo. A rede tem que mudar para continuar existindo. Novas interações mantem a rede viva.

  • Cris Kruel

    Não sei se as pessoas se preocupam realmente com a duração de uma rede, ou simplesmente temem as mudanças. O texto abaixo foi – para mim – uma revelação.

    “As evidências mostram que tudo que é sustentável tem um padrão de rede. Mas o que é sustentável não dura para sempre como é: se transforma, se adapta às mudanças do meio, se modifica continuamente.”

    [ O sustentável se modifica continuamente, e talvez por isto cause preocupações ] – As pessoas não gostam de mudar. Adoram repetir padrões, ter garantias, não correr riscos, sempre fiz assim… Não é a duração da rede que preocupa, mas a necessidade de constante mudança.

    • De um ponto de vista social (de rede), o que será que leva as pessoas a temer a mudança?

      • Catia Urbanetz

        Giovanni, acho que esse medo da mudança é o medo do desconhecido. Como o Cris disse “sempre fiz assim”. O medo vem da incerteza, da falta de um suposto controle sobre a vida e sobre as coisas. Esse controle elas acreditam que possuem mas, se refletirmos, no fundo é uma ilusão.

  • Cris Kruel

    Não sei se as pessoas se preocupam realmente com a duração de uma rede, ou simplesmente temem as mudanças. O texto abaixo foi – para mim – uma revelação.

    “As evidências mostram que tudo que é sustentável tem um padrão de rede. Mas o que é sustentável não dura para sempre como é: se transforma, se adapta às mudanças do meio, se modifica continuamente.”

    [ O sustentável se modifica continuamente, e talvez por isto cause preocupações ] – As pessoas não gostam de mudar. Adoram repetir padrões, ter garantias, não correr riscos, sempre fiz assim… Não é a duração da rede que preocupa, mas a necessidade de constante mudança.

    • De um ponto de vista social (de rede), o que será que leva as pessoas a temer a mudança?