Módulo 7

Redes sociais são redes de pessoas. Pessoas são seres humanos. São iguais desse ponto de vista: por pertencerem, do ponto de vista biológico, ao mesmo gênero e espécie. Mas cada pessoa é unique, cada uma é diferente de todas as outras porque suas histórias fenotípicas, suas trajetórias de adaptações são diferentes (e os modos como integram suas experiências ou como espelham internamente seus relacionamentos, são sempre particulares: cada um se vê diferentemente com os olhos do outro).
Embora cada uma seja única, as pessoas em uma rede só são iguais em um sentido: na medida em que a rede for mais distribuída do que centralizada não há diferenças de poder entre elas, nenhuma é mais importante (ou menos importante) do que outra. Mas não são iguais no sentido de que todas devem viver e conviver do mesmo jeito, ter a mesma situação socioeconômica, as mesmas capacidades físicas, intelectuais e morais, a mesma aparência, as mesmas doenças e deficiências, as mesmas habilidades e competências, os mesmos gostos e desejos. Se houvesse esse tipo de igualdade, não haveria pessoas e sim indivíduos em série, robôs ou androides: uma massa indiferenciada. Ser pessoa é - definitivamente - ser diferente e não ser igual.
A questão da igualdade de oportunidades, embora correta, foi introduzida pelos que tinham uma visão do ser humano como indivíduo e não como pessoa (emaranhado de relacionamentos), o que dificultou a visão da rede. É claro que deve haver igualdade de oportunidades, mas isso não diz respeito às características intrínsecas de cada pessoa e sim aos padrões de relacionamento ou à forma como se organiza a rede em que as pessoas estão (e são). Em redes mais centralizadas do que distribuídas não haverá igualdade de oportunidades, mas não porque os indivíduos sejam intrinsecamente (geneticamente, originalmente) diferentes e sim porque eles terão menos conexões, menos caminhos e, consequentemente, menos oportunidades de aprender, de empreender, de ter acesso a recursos de toda ordem. A pobreza, nesse sentido, não seria, em primeiro lugar, insuficiência de renda e sim insuficiência de rede (quer dizer, de caminhos).
Em redes descentralizadas (mais centralizadas do que distribuídas), ou seja, em hierarquias - como a representada pela figura acima - as pessoas situadas no topo têm mais conexões (caminhos) do que as pessoas situadas na base da pirâmide. Por isso são mais ricas (no sentido de terem mais condições de desenvolverem suas potencialidades) do que as pessoas situadas na base.
Mas por que, apesar disso tudo, as pessoas continuam achando que redes são modelos de sociedades igualitaristas? Qual a confusão que estão fazendo?