Como funciona o programa
Bem-vindo ao programa DEMOCRACIA & REDES SOCIAIS. Leia com atenção as instruções abaixo para saber como fazer o programa.
O QUE É ESTE PROGRAMA
DEMOCRACIA & REDES SOCIAIS é um programa em 15 módulos, bastante completo, sobre as invenções da democracia - do século 5 AEC aos dias de hoje - de um ponto de vista social. Uma boa oportunidade de fazer uma reflexão profunda sobre a democracia não apenas como modo de administração do Estado, mas também - e sobretudo - como modo-de-vida capaz de desprogramar milênios de cultura patriarcal. A sua aprendizagem-investigação pode seguir o seu próprio ritmo, mas o ideal, se você quiser interagir tempestivamente com os demais inscritos, é fazer cada módulo em no máximo 15 dias. O curso é interativo, a distância e tem início no dia 30/03/2016.
CONHEÇA OS FUNDAMENTOS DO PROGRAMA
O programa de investigação-aprendizagem DEMOCRACIA & REDES SOCIAIS, que vai enfoca a democracia do ponto de vista social, quer dizer, do ponto de vista das redes sociais. Leia o texto abaixo para saber mais sobre isso:
UMA ABORDAGEM SOCIAL
Por que e como foi inventada a democracia? Até hoje os estudiosos têm imensa dificuldade de decifrar o que ocorreu. Não estabelecem as conexões necessárias e não reconhecem os padrões sem os quais não se pode desvendar o sentido das configurações coletivas que se constelaram. Não há, portanto, uma compreensão propriamente social do surgimento da democracia. Ou, quando há, é uma lástima: tomam por social aquilo que diz respeito às condições de vida (em geral de sobrevivência) das populações e não à fenomenologia da interação, quer dizer, o fluxo da convivência social.
Alguns pensadores do século passado conseguiram captar o "gene" (ou o meme) original democrático - como John Dewey, Hannah Arendt e Humberto Maturana (entre outros; poder-se-ia citar também Claude Lefort, Cornelius Castoriadis e Amartya Sen) - mas a maioria dos teóricos da política ficaram presos aos esquemas explicativos da modernidade que replicavam visões em que o social era uma espécie de epifenômeno (na verdade, para a maioria deles só existiam os indivíduos, o mercado e o Estado) e, assim, não conseguiram perceber os condicionamentos recíprocos entre o padrão (social) de organização e modo (político) de regulação.
Ora, do ponto de vista social, a democracia é um erro no script da Matrix. Não se explica de outra maneira. Não era necessária. Nem foi o resultado de qualquer “evolução” social. Não surgiu dos interesses privatizantes de alguma corporação. Surgiu em uma cidade no mesmo momento em que nela se conformou um espaço público.
Os teóricos políticos do século passado, porém, não podiam se conformar com isso. Viciados na ideia (ou no esquema explicativo) de determinação de uma superestrutura por uma estrutura (um velho vício de raiz iluminista difundido pelo marxismo), queriam sempre surpreender o que está debaixo do pano, queriam desvendar a máquina que estaria por trás do que acontece na vida fenomênica. Destarte, por não encontrar o mecanismo oculto (em geral econômico, como acreditam) que estaria determinando uma nova criação política, suas análises não foram (e ainda não são, posto que esses teóricos remanescem no século atual) capazes de revelar que estamos diante de um esgotamento da democracia dos modernos e da possibilidade de emergência de uma nova democracia. Há, ademais, um problema de pressupostos.
Os analistas políticos, em sua maioria, pensam a partir de um conjunto de pressupostos, raramente discutidos porquanto tomados como verdades evidentes por si mesmas: o primeiro deles é que o ser humano é inerentemente competitivo (postulado largamente falsificado pelas evidências e, portanto, impossível de ser sustentado pela ciência, tendo status semelhante ao de uma crença de natureza religiosa) e faz escolhas racionais tentando maximizar a satisfação de seus interesses egotistas (quando todas as evidências apontam que na raiz da ação dos humanos - e até dos mamíferos em geral - está mais uma emotional motivation do que uma rational choice); o segundo é que sem líderes destacados não se pode mobilizar e organizar a ação coletiva (o que vem sendo refutado fartamente pelos fatos: sobretudo pelos aglomeramentos, enxameamentos e amassamentos que vêm ocorrendo com cada vez mais frequência em sociedades altamente conectadas); e o terceiro é que nada pode funcionar sem um mínimo de hierarquia (idem, do contrário não estaríamos assistindo a profusão de redes mais distribuídas do que centralizadas).
Além disso, os analistas políticos, de maneira geral, baseiam suas análises no suposto de que o conteúdo (do que flui) é relevante para explicar a "realidade" (o que acontece), confundindo informação (mensagem transmitida-recebida) com comunicação (acoplamento estrutural), longe de perceber que o comportamento coletivo é função da fenomenologia da interação (estando os fenômenos interativos, por sua vez, na dependência não de conteúdos e sim do padrão de organização: basicamente, dos graus de distribuição e conectividade da rede social).
Quando é que tudo muda nas análises da democracia? Quando descobrimos que movimentos de desconstituição de autocracia são acompanhados por movimentos de desconstituição de hierarquia.
A democracia pode se democratizar (ou se radicalizar, a ponto de ser considerada uma pluriarquia) em redes com alto grau de distribuição (e, consequentemente, com altos graus de conectividade e interatividade). Dizendo de modo mais preciso: os processos de democratização tenderão a ter continuidade na medida em que as sociosferas onde ocorrem forem adquirindo uma topologia mais distribuída do que centralizada.
Porque a democracia é uma espécie de "metabolismo" da rede social, cujo "corpo", a estrutura, o hardware, é dado pelo padrão de organização. Mas esse "metabolismo", essa dinâmica do modo de regulação, não é uma imanência, não emerge automaticamente da estrutura, em função do seu padrão de organização. Democratização (do modo de regulação) e distribuição (da rede) acontecem ao mesmo tempo, ou melhor, são fenômenos acompanhantes, sinergicamente acompanhados um do outro, mas não causados um pelo outro.
O padrão de organização condiciona possibilidades. Quanto mais centralizada for a topologia da rede, menos chance terá o processo de democratização de prosseguir. Mas mesmo em padrões mais distribuídos do que centralizados, ainda assim é necessário que haja ação política para instaurar modos de regulação crescentemente democráticos. Ações políticas democratizantes, entretanto - eis o ponto - ou serão acompanhadas por mudanças estruturais que tornem a rede mais distribuída ou terão menos chances de prosseguir (e de perdurar). Ora, tornar a rede mais distribuída significa, exatamente, desconstituir hierarquia. Assim como a democracia pode ser tomada, no sentido "forte" do conceito, como movimento de desconstituição de autocracia, as redes distribuídas podem ser tomadas como movimentos de desconstituição de hierarquia, sendo que esses processos estão ligados, não por causalidade direta nem automática e sim por condicionamentos recíprocos.
Pode-se dizer que tanto a expansão da liberdade quanto a incidência da cooperação (que ocorre na medida em que a rede se torna mais distribuída) são atributos do modo como os seres humanos se organizam (e nada mais). Mas não há uma fórmula organizativa capaz de produzir automaticamente liberdade sem política. É o processo político de desconstituir autocracia que amplia os graus de liberdade. E é o processo de netweaving, de desconstituir hierarquia, que amplia a cooperação.
CONHEÇA O PROGRAMA
MÓDULO 1 - AS INVENÇÕES DA DEMOCRACIA | O que é democracia? Qual o sentido da primeira invenção da democracia pelos atenienses? Em que medida esse sentido se manteve quando os europeus modernos reinventaram a democracia? A segunda invenção da democracia (pelos modernos) continua adequada na transição atual para uma sociedade-em-rede?
MÓDULO 2 - UMA ABORDAGEM SOCIAL DA DEMOCRACIA | Por que e como foi inventada a democracia: há uma explicação propriamente social para a questão? Qual seria uma abordagem da democracia compatível com mundos de alta interatividade (como os que, em certa medida, já estamos vivendo)?
MÓDULO 3 - A FENOMENOLOGIA DA INTERAÇÃO EM MUNDOS ALTAMENTE CONECTADOS | O que é sociedade-em-rede e o que são redes sociais? Qual a nova fenomenologia da interação que já está se manifestando na sociedade-em-rede?
MÓDULO 4 - O QUE É APRENDER DEMOCRACIA | Por que é necessária uma alfabetização democrática? É possível ensinar democracia? O que é aprender democracia?
MÓDULO 5 - POLÍTICA, VERDADE, CIÊNCIA E OPINIÃO | Existe uma verdade política? A política é uma ciência? Quais as diferenças entre episteme, techné e doxa? Os seres humanos são capazes de se autoconduzir a partir de suas livres opiniões?
MÓDULO 6 - POLÍTICA, GUERRA E PAZ | A política é uma continuação da guerra por outros meios? A política democrática é uma “arte da guerra” ou uma “arte da paz”? A democracia é uma questão de ‘modo’ ou uma questão de ‘lado’?
MÓDULO 7 - LIBERDADE E IGUALDADE | O sentido da política democrática é a liberdade ou a igualdade? “Não adianta ter democracia se o povo passa fome”: essa afirmação é democrática ou antidemocrática?
MÓDULO 8 - DEMOCRACIA COMO REGIME DA MAIORIA OU DAS MÚLTIPLAS MINORIAS | A democracia é o regime da maioria? Quem tem maioria sempre tem legitimidade? Opinião pública é a soma das opiniões privadas da maioria da população?
MÓDULO 9 - FALHAS GENÉTICAS DA DEMOCRACIA | A democracia tem proteção eficaz contra o discurso inverídico? A democracia tem proteção eficaz contra o uso da democracia contra a democracia? Quais os problemas da democracia representativa ser confundida pelos seus atores (para todos os efeitos práticos) com sistema eleitoral? A democracia representativa, ao virar um modo político de administração de uma estrutura desenhada para a guerra (o Estado-nação) adotou uma dinâmica adversarial (dita competitiva): em que medida isso dificulta a constituição de um sentido público?
MÓDULO 10 - PRINCIPIOS DEMOCRÁTICOS | A democracia representativa tem regras? Quais são essas regras e em que princípios elas se baseiam?
MÓDULO 11 - A POLÍTICA COMO UTOPIA DA DEMOCRACIA | É possível democratizar a sociedade sem democratizar a política? A democracia é uma utopia da política (ou é o contrário)?
MÓDULO 12 - A DEMOCRATIZAÇÃO OU RADICALIZAÇÃO DA DEMOCRACIA | É possível democratizar a democracia? Os problemas da democracia representativa podem ser solucionados nos marcos da própria democracia representativa? Esses problemas podem ser solucionados com a abolição da democracia representativa? É possível reinventar a democracia? É desejável fazer isso?
MÓDULO 13 - NOVAS CARACTERÍSTICAS DA DEMOCRACIA NA SOCIEDADE-EM-REDE | Quais as principais características que novas experiências de democracia deveriam ter para ser mais compatíveis com a sociedade-em-rede? Democracia distribuída ou descentralizada? Democracia interativa ou participativa (e adesiva)? Democracia direta ou indireta? Democracia com ou sem revocabilidade? Democracia com lógica da abundância ou da escassez? Democracia de multidões ou comunidades (ou ambos)? Democracia cooperativa ou competitiva? Democracias globais, locais ou glocais? Uma nova fórmula ou muitas fórmulas de democracia? Democracia em países (Estado-nações) ou ilhas democráticas na rede?
MÓDULO 14 - LEITURAS FUNDAMENTAIS SOBRE DEMOCRACIA | A primeira invenção da democracia: o que ler? A segunda invenção da democracia: o que ler?
MÓDULO 15 - A TERCEIRA INVENÇÃO DA DEMOCRACIA | As novas democracias na sociedade-em-rede: o que inventar? A democracia como modo-de-vida: como ensaiar uma nova política não apenas no Estado, mas na sociedade? O processo de democratização na base da sociedade no cotidiano do cidadão: em que medida é possível democratizar a família, a escola e a universidade, as igrejas, as organizações da sociedade civil e as empresas? A transição da sociedade hierárquica para uma sociedade em rede: é possível substituir as instituições sociais atuais por outras entidades mais democráticas? Como usar a democracia para desprogramar seis milênios de cultura autocrática?
VEJA AGORA COMO O PROGRAMA VAI FUNCIONAR
1 - Formamos uma comunidade online de investigação, unindo participantes e organizadores do programa em uma plataforma exclusiva (esta plataforma em que você está agora).
2 – A cada 15 dias (ou seguindo o seu próprio ritmo) você vai fazer um módulo. Cada módulo está em uma página (veja o índice ao lado). Ou seja, você vai: 1) assistir um vídeo, 2) ler um texto, 3) fazer um teste e enviar suas respostas preenchendo o formulário que está incrustado na página de cada módulo (não se esqueça ao final de clicar em enviar), 4) interagir com os demais participantes deixando suas dúvidas, observações ou considerações no campo de comentários de cada módulo.
3 – Os testes não têm como objetivo verificar conhecimento ensinado. Eles são apenas questões para reflexão. A avaliação será feita por você mesmo e, indiretamente, pelos outros participantes do programa (se você deixar comentários no campo de comentários abaixo).
4 – Haverá três conferências virtuais (hangouts) com a equipe do programa em datas que divulgaremos aos membros durante o percurso de aprendizagem. Você poderá interagir em tempo real, enviando perguntas e comentários!
5 – É importante que você estude a bibliografia recomendada em cada módulo. A bibliografia básica de referência sobre democracia (até o ano 2000) está numa página separada (veja índice ao lado) com a maioria dos links ativos.
6 – Você não deve deixar de interagir usando o campo de comentários do DISQUS (é necessário fazer login no DISQUS, mas só uma vez; além disso, você pode fazer login social usando suas contas nas mídias sociais). O campo de comentários está disponível em todos os módulos. Para estimular a conversação, reproduzimos os testes por extenso na página de cada módulo (você também pode baixar os testes em Word, para salvar as respostas que você marcou).
Releia estas instruções. Qualquer dúvida, mande um e-mail para contato@redes.org.br
Boa sorte e um grande abraço da equipe do programa:
Augusto de Franco
Giovanni Bianco
Juliano Morini
Luiz de Campos Jr
Marcelo Maceo
Thiago Padovan