Chegando novo aqui, vou compartilhar algumas reflexões:
O texto do Tolstoi tem o mérito para uma história do ensino/aprendizagem. mas não vou aqui fazer uma digressão da História, pois para mim desde que comecei a estudar em 1954 e não parei mais, vejo mudanças tão significativas que não vejo, nesse momento necessidade de voltar a 100 ou 200 anos atrás. Quero deixar claro que eu acho a História um conhecimento importante pois não estaríamos aqui sem ter passado por lá.
“Ocorre que não somos mais pessoas do século XX”. Essa afirmação esconde que atualmente há diversos tipos de pessoas. Podemos separá-las por níveis de consciência utilizando o conceito de Ken Wilber. Para Wilber, a humanidade vem progressivamente se elevando em termos de consciência, de tal forma que hoje convivemos com pessoas de quase todos os níveis de consciência, desde o mais baixo até o mais elevado. Coloco aqui a questão da consciência, pois o Marcos apresentou a “Teoria Humanista da Aprendizagem de Malcolm Knowles”, cujos elementos vão variar conforme o nível de consciência do adulto que está aprendendo. O primeiro ponto é a diversidade de pessoas com níveis de consciência diferentes.
O segundo ponto diz respeito àquilo que será aprendido. Na Grécia havia 3 tipos de conhecimento A Doxa (opinião, que é o que interessa na política), a Techné (as técnicas de produção, que interessa a todas as empresas e similares) e a Episteme (que é o conhecimento científico).
Essa separação é importante, pois não se aprende sempre de uma mesma maneira. Pegando a frase “A instrução inconsciente, na vida, e a instrução consciente, na escola, andaram e andam sempre lado a lado”, vejo que atualmente o mais importante é a instrução inconsciente da vida, principalmente para quem vive numa cidade grande como São Paulo. A instrução da techné era feita na pática pelos artesões e seus aprendizes em momentos de total interação. Assim, o crescimento da importância da Techné (para a profissão) e da Doxa (para a política), esvaziou a importância da episteme, que é o conhecimento erudito e o das ciências. Não que o que se aprendia na escola não tem importância. O que ocorre e que é possível aprender o que a escola ensinava por outros meios atualmente.
O terceiro ponto que é realidade do século XXI, é que nos 17 anos do século XXI, já se produziu mais conhecimento que todo o conhecimento que a humanidade produziu até o ano 2000. Então, uma criança de 2 anos precisa aprender atualmente?
Como esses 3 pontos deixam o espaço de investigação enorme, eu tenho vontade de me aprofundar em um tipo específico de aprendizado: o que aprendemos através do consumo de mercadorias e serviços. Exemplo: o que um jovem aprende quado vai a uma balada? Com certeza ele aprende por interação e imitação. E le sabe de coisas que eu não sei pois não vou a baladas.
É um começo.
claudia goulart
Apesar da discussão já ter se passado dois meses coloco aqui alguns elementos que me fizeram refletir.
Primeiro, o texto é bastante atual e repensei várias vezes se era uma discussão a respeito do texto, ou um próprio texto de Tolstoi, séc. XIX. A escolha achei pertinente.
Há muito que o tipo de escola é debatido. Como um país jovem, com várias classes sociais, as ideias sobre Educação sempre são acompanhadas de discursos acalorados e com a política em seu meio.
Muito se fala da Educação do povo, para o povo e das elites ou para as elites. Entendo que há vários “Brasil” ou “Brasis”, como queira, e este debate deve ser constantemente realizado.
Já houve, me parece que nos anos 40, não estou certa, a Escola não deveria ser Técnica para o povo e “intelectualizada” para a classe média, pois todos deveriam ter acesso ao ensino intelectualizado. Com isso, as escolas técnicas caíram em desuso e falta de financiamento. Vários colegas de classes desfavorecidas estudaram em escolas técnicas, e estas, lhes deram acesso à universidade pública.
Debatemos tanto a escola, criticamos, dentro e fora que ela está em constante transformação.
Portanto, ainda não tenho uma opinião concreta a respeito da escola técnica para o “povo” e a escola intelectual para a classe média. Acredito que as duas formas devem existir e, qualquer um, a qualquer momento pode participar.
Lembro-me que sempre tive muita vontade em aprender marcenaria. Acho um ofício criativo e artístico. Então, fazia o terceiro ano do 2º grau no horário da manhã e, próxima a esta escola havia um curso de marcenaria à tarde no Senai. Achei perfeito. Mas, ao chegar para me inscrever fui informada que era curso para os “mais pobres terem um ofício”, tinha 18 anos e insisti bastante, mas apesar de ser um curso para a população, vi que não era toda a população, mas os mais carentes, homens, que poderiam ter um ofício para o trabalho.
A outra questão que levanta o texto sobre a agressão para o aprendizado. Acredito que hoje a agressão ocorre entre os alunos…. paro para descrever um fato. Um semestre cursei inglês com jovens e ocorria de ter brigas entre eles, ameaças, apenas porque não gostavam da “cara do outro”. Um dia uma aluna chegou com um olho roxo e disse que foi comprar uma cerveja em um show e uma outra moça não foi com a cara dela. Todos da classe média. Óbvio que no outro semestre retornei à noite. Mas também tem ocorrido muita agressão e às vezes morte aos professores e diretores de escola. Então me pergunto, será que a escola é espaço também para agressões como vimos em jogos de futebol, violência nas ruas? Sim. Acredito que sim.
Outro fato relevante no texto é sobre o ambiente de aprendizagem. Que bairro moramos? Temos tempo para interações sociais? Redes sociais são fantásticas, aprendizado em cursos à distância idem, o tempo é ágil e muita informação temos em nossas tecnologias de bolso. Sinto falta do ritmo lento, na realidade acho que a diversidade de redes virtuais e presenciais, sabermos lidar com essas diferenças e acrescentarmos a velocidade e o ritmo lento, ou seja, aprender em rede virtual, interagir à distância e também ter tempo para o dia a dia de forma lenta e compassada seria o ideal.
Mas são somente reflexões.
Marcos Bidart de Nova
Como não está entre nossas referências, deixo aqui para alavancar ainda mais nossas discussões, as ideias de Malcom Knowles: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/50752/teoria-de-malcolm-knowles
Teoria Humanista da Aprendizagem de Malcolm Knowles.
Entre ensinar o adulto a aprender, e ajudá-lo neste processo está a Andragogia que se detém a compreender o universo do adulto, e estudar os meios adequados para que aconteça o ensino e a aprendizagem, neste contexto, considerando todas as especificidades do adulto, seja de ordem social, cultural, histórica e econômica. O adulto detém conhecimentos próprios e é capaz de autoaprender, possuindo necessidades de formação, de conhecimento, de adaptação as novas exigências da sociedade.
Esse estudioso propôs uma teoria para o modelo pedagógico Andragógico de Educação aplicado aos adultos, considerando as especificidades deste indivíduo.
As premissas da Andragogia, que são seis, conforme apresentamos a seguir:
1. Necessidade de Saber e Conhecer;
2. Autoconceito do Aprendiz;
3. Papel das Experiências dos Aprendizes;
4. Prontidão Para o Aprendizado;
5. Orientação Para a Aprendizagem;
6. Motivação.
1. Necessidade de conhecer. Aprendizes adultos sabem mais do que ninguém, da sua necessidade de conhecimento e para eles o como colocar em prática tal conhecimento no seu dia-a-dia é fator determinante para o seu comprometimento com os eventos educacionais.
2. Autoconceito de aprendiz. O adulto, além de ter consciência de sua necessidade de conhecimento, é capaz de suprir essa carência de forma independente. Ele tem capacidade plena de se autodesenvolver.
3. O papel da experiência. A experiência do aprendiz adulto tem central importância como base de aprendizagem. É a partir dela que ele se dispõe, ou se nega a participar de algum programa de desenvolvimento. O conhecimento do professor, o livro didático, os recursos audiovisuais, etc., são
fontes que, por si mesmas, não garantem influenciar o indivíduo adulto para a aprendizagem. Essas fontes, portanto, devem ser vistas como referenciais opcionais colocados à disposição para livre escolha do aprendiz.
4. Prontidão para aprender. O adulto está pronto para aprender o que decide aprender. Sua seleção de aprendizagem é natural e realista. Em contrapartida, ele se nega a aprender o que outros lhe impõem como sua necessidade de aprendizagem.
5. Orientação para aprendizagem. A aprendizagem para a pessoa adulta é algo que tem significado para o seu dia-a-dia e não apenas retenção de conteúdos para futuras aplicações. Como conseqüência, o conteúdo não precisa, necessariamente, ser organizado pela lógica programática, mas sim pela bagagem de experiências acumuladas pelo aprendiz.
6. Motivação. A motivação do adulto para aprendizagem está na sua própria vontade de crescimento, o que alguns autores denominam de “motivação interna” e não em estímulos externos vindo de outras pessoas, como notas de professores, avaliação escolar, promoção hierárquica, opiniões de “superiores”, pressão de comandos, etc.
Marcos Bidart de Nova
Acabei de ler o primeiro texto, o de Leon Tosltoi. Apesar de reforçar a hipótese que aqui está expressa, o faz de forma opinativa e prescritiva. O texto afirma, de forma brilhante, que o ser humano aprende na relação e na interação, com objetos, ideias e seres humanos, sem a necessidade da educação formal e obrigatória. Mas o que é uma hipótese para nós, também o é para Tolstoi, que defende suas ideias baseadas nos seus valores e no bom senso. O que Tosltoi afirma abaixo para a aprendizagem interativa acelerou-se exponencialmente com o advento da internet e dos fenômenos em rede distribuída.
” A instrução inconsciente, na vida, e a instrução consciente, na escola, andaram e andam sempre
lado a lado, completando-se mutuamente; mas, sem a imprensa, a vida podia dar muito menos instrução do que a escola. A ciência pertencia aos eleitos que possuíam os meios de instrução. E vejam qual é a cota atual da instrução na vida quando não há um homem que não tenha livros, quando os livros são vendidos a preços baixíssimos, quando as bibliotecas públicas estão abertas a todos; quando a criança que vai para a escola, além dos seus cadernos, leva escondido um barato romance ilustrado; quando dois abecedários custam 3 kopeques e o camponês das estepes compra o abecedário, pede a um soldado que passa que lhe mostre e ensine toda essa ciência, que este, durante muitos anos aprendeu com o sacristão; quando o aluno abandona a escola
secundária, prepara-se sozinho, pelos livros, e faz bem os exames de ingresso na universidade; quando os jovens deixam a universidade e, em vez de se prepararem pelas notas do professor, trabalham diretamente com as fontes; quando, falando sinceramente, toda a instrução séria se adquire apenas na vida e não na escola.”
marcelomaceo
Acredito que possamos traçar um paralelo na observação que Tolstoi faz sobre a dificuldade que as pessoas possuem de serem instruídas e a rejeição à instrução, com o fato dela desumanizar as pessoas, na medida em que se define como ensino e não como aprendizagem.
Claro que há nesta rejeição do povo à instrução uma carga relacionada às diferenças sociais, pois é muito provável que havia uma certa discriminação entre o povo e aqueles próximos aos altos cargos do governo ou mesmo à igreja, mas Tolstoi também relata sobre o modo como era a instrução na época em vários locais do mundo, e uma das suas principais indagações era por que um determinado método e currículo se definiam como os melhores para capacitar as pessoas a qualquer coisa. Pré-definição esta, que não dava margem para a experiência da interação, mas tão somente a de moldar as pessoas como reprodutores fiéis daquele conhecimento, condicionados sob o código de conduta definido pela instituição escolar. Ou seja, estamos falando de ensino puro, no seu sentido mais doutrinário e religioso, sem nenhuma possibilidade de criar espaços para a liberdade, onde Tolstoi via a aprendizagem de fato ocorrer.
Portanto, acredito que as observações de Tolstoi que demonstram a diferença de conhecimento das pessoas quanto estavam em espaços voltados ao ensino, e aqueles outros com liberdade voltados à aprendizagem (como ele relaciona com os mercados, cafés, bibliotecas etc) podem corroborar que há aprendizagem somente quando há interação, e que não há quanto a interação é baixíssima, nos exemplos que ele nos trouxe.
Interessante também é que a definição do que é aprendizagem (como um processo interativo) já define também o que é ensino. E isso penso ser importante ter em mente quando usarmos ambas as palavras.
marcelomaceo
AA
marcelomaceo
A aprendizagem é um processo interativo.
marcelomaceo
Hipótese 1
marcelomaceo
mudando o nome da pagina para hipotese 1, mas mantendo a URL nada a ver.
marcelomaceo
com restricao de acesso
marcelomaceo
com barra lateral e sub
marcelomaceo
humana 1 com barra lateral
marcelomaceo
humana1 sem barra lateral e sem restircao de acesso