humana.social | Módulo 1

  • Ivane Almeida Duvoisin

    Exatamente num momento em que está se questionando os modelos fechados, hierarquizados e de controles rígidos e defendendo-se uma educação mais centrado na pesquisa e nos interesses dos estudantes, vemos um movimento de engessamento das políticas públicas, no que diz respeito à Base Comum Nacional. Como pensar em alterdidatismo, trabalho de inovação e criatividade com currículos engessados, controlados e hierarquisados? Há uma imensa contradição entre o discurso e a prática das propostas curriculares e das politicas publicas para a Educação.

    • marcelomaceo

      Oi Ivane, realmente, há uma contradição. Porém, o que tenho visto, é que as demandas de uma sociedade-em-rede se realizam apesar: da escola, do estado, dos bancos, das universidades etc. Quero dizer que estão surgindo tantas práticas incríveis, independente do senso comum passado pelas instituições centralizadoras. E digo isso inclusive para o os meios do ensino dito público.
      Além disso, existe muita coisa que registramos como regra, mas que não são bem assim. Uns anos atrás, eu montei uma escola democrática. Durante o processo, o Pacheco nos visitou várias vezes dando uma assessoria principalmente quanto à parte legal. E sua experiência nos mostrou o quanto podíamos fazer tudo quanto pretendíamos, sem deixar de atender as exigências relacionadas com as normas e legislação da educação no Brasil. Percebemos o quanto o senso comum, de fazer como sempre foi feito porque sempre foi assim, nos limita a encontrar aberturas que sempre estiveram lá. O Projeto Âncora, por exemplo, consegue atender as demandas da Base Nacional Comum de uma forma bastante equilibrada com os interesses e desejos de cada criança. 😉

      • Ivane Almeida Duvoisin

        Sim Marcelo. Abrir fissuras no sistema. Sim, acredito que esse é o caminho, encontrar brechas, linhas de fuga – ser criativo

  • Mariana Rego

    No ensino de idiomas por exemplo ou na preparação de estudantes para o Enem e Vestibulares vejo que é muito difícil sairmos do conducionismo já utilizado. O que vocês sugerem para o trabalho com inovação nestes dois grupos: Ensino Médio e Aprendizado de Idiomas?

    • marcelomaceo

      É realmente difícil querer fazer um trabalho de inovação e criatividade quando o que se espera, ou seja, o resultado de “sucesso” ou positivo, nestes casos, já esteja previsto de antemão. Não há espaço para inovação quando o resultado que queremos já sabemos qual é.
      Inovação é sempre um caminho para o inesperado, e não para algo esperado.
      Mas, para estes casos que você coloca, penso que é possível sim estimular o aprendizado de forma mais eficaz. Nos módulos seguintes falaremos bastante sobre a configuração do ambiente físico, virtual e social. Com estas condições, podemos visualizar o “vestibular” como se fosse o projeto de um grupo, e assim organizar este “grupo de projeto” nos formatos que propomos aqui, passando pelo amplo acesso à internet e, principalmente, estimulando o alterdidatismo entre eles.

      • Mariana Rego

        Legal Marcelo! Vou seguir o curso e ver os próximos conteúdos!!
        Um problema grande que vemos tb para implementação do alterdidatismo é um clima forte de competição, principalmente em cursinhos pré vestibulares de preparação para medicina. Porém também acredito que muito pode ser feito para tornar o aprendizado mais prazeroso e cooperativo até mesmo nestes ambientes, pois tenho a impressão de que o ser humano tem uma predisposição a ajudar o próximo quando o ambiente se torna mais propício. Obrigada pela resposta! 🙂

  • Sergio Siri Resende

    O link http://junntoo.ning.com/ não acessa,
    porque?

    • marcelomaceo

      Oi Sergio, movemos este link para: http://redes.org.br/humana-livros/
      Obrigado por nos avisar, já atualizei no link desta página também o arquivo.
      Abraço!

  • Frederico Bortolato

    Olá a todos, tudo bem?

    Estou iniciando o curso e muito empolgado. Estou precisando de uma ajuda: a URL http://junnto.ning.com/ que consta no texto deste modulo 1 para acesso ao material do programa não está funcionando. Como faço para acessar os conteúdos mencionados?

    Um abraço!

    • marcelomaceo

      Caro Frederico, tudo joia?
      Nós mudamos o local de acesso e vamos atualizar este documento. Obrigado por nos alertar aqui. Você tem acesso aos livros essenciais neste link: http://redes.org.br/humana-livros/
      Qualquer dúvida é só entrar em contato!

      • Frederico Bortolato

        Oi Marcelo, tudo bem?

        Obrigado pelo retorno. Contudo, o link novo ainda não está ativo, sempre sou redirecionado para a página inicial do redes.org.

        Abraço!

        • marcelomaceo

          Frederico, tente deslogar do nosso sistema aqui e logar novamente. Pode ocorrer não ter atualizado seu status. Me diga se conseguiu. 😉

          • Frederico Bortolato

            Olá Marcelo,

            Tudo OK! Muito obrigado!

            Um abraço.

  • Maria da Conceição dos Reis Le

    Olá a todos. Não sei a razão, mas a postagem que fiz anteriormente neste módulo não aparece. Máquinas são máquinas…..
    De qualquer modo, vou retornar às minhas reflexões e procurar contribuir com a discussão.
    Penso que nossas escolas, de modo geral, estão muito longe de vivenciar ambientes criativos de aprendizagem. Currículos engessados e que ignoram à realidade da comunidade escolas; inúmeras disciplinas e muito pouco diálogo entre elas; professores com carga horária de trabalho extenuante…..
    Como estimular a criação de espaços criativos de aprendizagem, libertadores, prazerosos, que possibilitem o compartilhamento do conhecimento?
    Qual o papel da Universidade diante da nova realidade que se impõe? Faz-se necessária, sem dúvida, uma revisão dos cursos de formação de educadores.
    Uma educação libertadora exige espaços livres, pessoas livres e liberdade é algo que não se aprende.
    “…Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda…” Cecília Meirelles.
    Boa noite……

  • Guilherme Guimarães

    Olá, colegas!

    Boa noite!

    Estive numa viagem nesse fim de semana e tive a oportunidade de

    conversar sobre o curso com uns amigos (4 ao todo, dois casais).

    Sobre a reflexão gerada no módulo I, não foi tão difícil expor a atual

    condição da educação no Brasil pois um deles já é professor da rede

    pública estadual e entende de perto a realidade. A conversa se

    estendeu por um longo tempo e tomou diversos rumos ao longo da

    explanação.

    Somos um grupo de Permacultura (se não conhecem, aconselho a

    procurar), portanto já temos uma busca por uma visão mais holística

    sobre os assuntos.

    Ao mencionar que estamos numa sociedade em rede e não podemos mais

    hierarquizar o ensino, o conceito de “polinização”, apresentado no

    curso, foi facilmente assimilado.

    Duras críticas aos espaços escolares atuais também surgiram.

    Somos conhecedores do Projeto Âncora do José Pacheco, bem como, é

    claro, o exemplo da Escola da Ponte. Outro termo que também foi

    trabalhado e bem assimilado foi a troca do termo “ensino” para o termo

    “aprendizagem”. O próprio “Zé” não usa a palavra ensinar, ele só usa a

    palavra aprender. E o método usado por ele sempre busca a investigação

    como método. A busca sempre parte da criança ou do jovem…

    Por fim, chegamos à teorização de uma rede de educação com modelo

    anárquico. rs (claro que é utopia, mas é de utopias que o mundo carece

    para mudar)

    Enfim, nós não nos conhecemos ainda… Vou aproveitar esse primeiro

    contato para apresentar um pouco da minha bagagem até aqui.

    Estou terminando minha graduação em Filosofia pela Universidade

    Federal Fluminense (UFF) e tive contato com muitos dos autores que

    estão na bibliografia. (Esta que merece um total elogio, só autores

    fantásticos! Desde Ivan Illich à Maturana, passando por

    Krishnamurti… absolutamente sensacional)

    Meu TCC será sobre a constituição do sujeito em Foucault, trabalhando

    a parte ética de seu estudo, baseado na ótica do “cuidado de si”.

    Acho que cumpri pelo menos o que eu esperava com esse módulo: polinização.

    Caso esteja faltando alguma parte da reflexão, sintam-se livres para

    expor sem medo. 🙂

    Um grande abraço,

    Guilherme Guimarães

    • augustodefranco

      É isso aí, Guilherme. Muito bom. Vamos conversando.

    • Inspirador, Guilherme!

      Você trouxe ótimas referências (Maturana, Illich, Foucault, o próprio Pacheco) que inspiraram a concepção do INOVA-EDU.

      Abraço

  • Patrícia Cristina Chaves Rodri

    Não consegui abrir o link com o bibliografia… Alguém poderia me ajudar? Obrigado!

    • marcelomaceo

      Oi Patrícia. Clique bom o botão direito do mouse sobre o ícone do “Texto Complementar” e depois em “salvar link como”. Você irá salvar um arquivo no formato PDF na pasta que definir. Para abrir este formato de arquivo, é necessário ter instalado o visualizado Acrobat Reader (https://get.adobe.com/br/reader/) ou pode abrir dentro do seu browser mesmo.

  • BIANCA VICENTE

    Estou bastante empolgada com o curso e torcendo para que este possa preencher, de alguma forma, uma extensa lacuna existente na educação atual: a facilidade da informação pela conectividade e a educação Jurássica que acabamos por reproduzir.
    Nosso sistema é falido. “Aprendemos” e reproduzimos conhecimentos que na maioria das vezes não servirão para nossa vida profissional, social etc. Sou professora da Educação infantil e tenho o privilégio de poder lidar com o conhecimento de uma forma diferente, mas tenho um filho de 15 anos e vejo que ele “aprende” na escola da mesma forma que eu ”aprendia”.
    Pode ser que mais adiante minhas inquietações sejam respondidas, porém para este módulo deixo este questionamento:
    Se o ambiente cooperativo e o conhecimento compartilhado não exigem uma hierarquia, como saber se o que está sendo inovado, criado é verídico, tem fundamentos? Vemos muitas coisas difundidas em redes que não são verdades e temos uma “enciclopédia” que é colaborativa, mas que também apresenta informações que não conferem.

    • Bianca, sua inquietação foi respondida pelos outros módulos? Pelo menos parte da resposta já apareceu para você? Se você mesma fosse responder essa pergunta, o que diria?

      Só pra aquecer a conversa. 😉

      Abraço

  • Patrícia Cristina Chaves Rodri

    Boa noite a todos! Estou muito feliz em participar desse curso e ter a oportunidade de criar novos conhecimentos a partir dessa nossa interação.
    Com base no vídeo, no textos e nas discussões que acompanhei, considero como desafios para a minha aprendizagem:
    1. Formação do professor para interagir nas novas configurações de ambientes de aprendizagem que surgem na sociedade em rede.
    2. Como unir a escola formal e seu currículo com a livre aprendizagem emergente na a sociedade em rede.
    3. Como unir a livre aprendizagem com as avaliações sistemáticas impostas pela sociedade: concursos, vestibulares, enem, etc.

    Acredito que hoje tenho possibilidades, hipóteses de respostas a essas questões, que poderão ser, em partes respondidas e recriadas ao longo dessa nossa interação.

    • Legal, Patrícia!

      As três questões que você trouxe também estão muito presentes para mim.

      Você gostaria de compartilhar o que já descobriu sobre elas, até agora, com suas investigações e suas práticas?

      Um abraço!

  • Marla Altieri

    Olá, colegas!

    Ao encerrar a leitura do primeiro módulo, refleti acerca do assunto tecnologia e educação. Este tema tomou conta da sociedade há várias décadas, na realidade desde que se notou sua influência na formação do sujeito contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto diante do rápido desenvolvimento nos meios de informação e comunicação. O mundo atual passa por aceleradas transformações em torno de todos os campos da sociedade. O homem, desde o princípio da civilização está em permanente busca de adaptações, de novos conhecimentos e isso está implícito em sua incessante procura pelo saber e aprender.

    Sendo assim, penso em fazermos parte de um processo colaborativo de interatividade, onde o educador deve assumir um novo papel no processo educacional, deixando de ser o provedor de conhecimento e atuando como mediador. E, esse papel de mediador, torna-se fundamental, pois caberá ao professor criar novas possibilidades para ensinar e aprender. Diante desta situação, o professor será desafiado a conhecer o seu aluno (não sendo mais somente um aprendiz de conteúdo), ambos deverão trabalhar juntos em busca de aprendizagem.

    Se temos uma turma heterogênea, como fazer para trabalharmos o assunto de interesse de cada um? E a grade curricular, como ficaria?

    Ótimas descobertas a todos e até o próximo módulo!

    • marcelomaceo

      Marla, me permita um exercício de imaginarmos se novas possibilidades para aprendizagem fossem criadas sem a necessidade de um mediador, de um professor, de alguém dotado de um saber extraordinário, ou de outro que conheça profundamente outra pessoa? Se a possibilidade de criação, invenção, descoberta, aprendizagem não dependesse de determinadas pessoas e nem de determinados estímulos cognitivos para despertar interesse no que lhe é afim? Como seria?
      Talvez se trate muito mais do que não fazer, do que fazer.

    • Marla,

      Os módulos seguintes responderam a sua pergunta sobre como lidar com turma heterogêneas?

      A palavra-chave é: auto-organização.

      Abraço

  • Angélica

    Depois de conversar sobre o tema e fazer uma reflexão, ficam as dúvidas.

    Será que estou sendo conduzida por um caminho (conhecido), previamente planejado, para algum objetivo (já fixado)?

    Para mim, não resta dúvida de que todo planejamento deve ser flexível e constantemente avaliado, que objetivos nem sempre são atingidos e que outros podem acontecer sem que sejam pensados. No entanto, planejar e ter objetivos impede que haja liberdade para criar?

    • marcelomaceo

      Angélica, sua reflexão me fez pensar uma outra coisa também. Fazendo uma analogia com qualquer ambiente educacional, nós normalmente temos duas prerrogativas que envolvem: 1. o relacionamento com um turma pré-definida (de alunos etc) e 2. a necessidade fazê-los aprender algo (há uma grade curricular). Bom, isso é escola, é ensino. Não há planejamento que não esteja condicionado para atingir determinados objetivos. A readequação do planejamento quase sempre diz respeito a um melhoramento de processos para atingir os mesmos objetivos. E aquela turma fica, de certo modo, acorrentada a todo esse processo.

      Pensando do ponto de vista de aprendizagem (e buscando um caminho para sua questão), para a primeira prerrogativa citada, acho que o importante seria não definir nenhum tipo de turma. Pode-se formar um cluster relacionado com determinado projeto, porém, as pessoas que ali se aglutinaram foi por puro desejo e interesse no tema divulgado. E não estão presas, pois uma vez que não demonstrarem mais desejo ou interesse em descobrir sobre aquilo, podem se afastar.

      Para a segunda prerrogativa, como teremos temas pré-definidos onde as pessoas podem se clusterizar por desejo, o objetivo pode estar claro desde o início (ex. achar uma solução de ciclovia para o bairro), porém, é muito importante deixar o desenvolvimento do tema completamento aberto se o desejo for criar, inovar e estimular a aprendizagem.

      Isso me lembrou muito o que foi o Festival de Ideias que ocorreu em SP por alguns anos.

  • marcelomaceo

    Módulo 1!

    • augustodefranco

      Maceo interagindo a mil!

  • Olá colegas! Estou muito animado com este programa, tenho profundo interesse em entender melhor os processos de aprendizagem humana e como podemos organizar ambientes que atendam melhor às necessidades atuais, considerando as novas dinâmicas sociais.

    Uma questão que ficou para mim, e que na verdade pode ser abordada pelo programa em módulo adiante, foi a seguinte: até que ponto existe algum tipo de exigência legal de possuir um diploma de pedagogia, conferido por alguma “corporação medieval” detentora do conhecimento (também conhecida como universidade), para abrir e organizar um espaço de livre aprendizagem? Especialmente no tocante à um espaço para crianças?

    Tenho uma grande vontade de ser um replicador de novos caminhos para a educação infanto-juvenil; se não fosse suficiente o fato de acreditar que isso poderá tornar o mundo melhor, também tem o fato de que estou esperando meu primeiro filho para maio de 2016 e quero muito que ele tenha liberdade de seguir seu caminho sem que alguém ou alguma instituição lhe diga o que deve ou não aprender. E dessa vontade de ser um nodo da rede que ajude a espalhar essa visão, surge o desejo de organizar um espaço que permita a aprendizagem nestes moldes.

    Bons estudos a todos!

    • marcelomaceo

      Olá Eric! Eu passei por algo semelhante. Cheguei inclusive a abrir uma “escola enquadrada” na legislação para atender até a educação infantil, e isso com uma proposta totalmente livre e democrática assumida diretamente com a SRE. Do que pude acompanhar na época sobre sua pergunta, existem espaços de cursos livres, e estes podem incluir cursos para crianças, os quais não possuem nenhum tipo de exigência de um pedagogo. Isso porque cursos livres não conferem nenhum título de escolaridade tais como no ensino infantil, fundamental, médio etc. A partir da educação infantil a secretaria regional começa a exigir. Apesar de não ter a proposta de abordagem deste programa, com o INOVA-EDU não é necessário passar por nada disso. Ambientes de livre-aprendizagem configurados para estimular a inovação e criatividade podem ser configurados em qualquer lugar, inclusive como laboratórios dentro de espaços já escolarizados. Nos módulos seguintes você acompanhará um pouco mais disso. 😉

    • Patrícia Cristina Chaves Rodri

      Oi Eric! Tenho dois filhos pequenos, 6 e 3 anos e é por eles que estou aqui! Incrível como eles nos fazem querer, a qualquer custo, um mundo melhor, onde possam sonhar e aprender livremente!
      Trabalho em uma escola de educação básica e, ainda é longo o processo de mudança, acho que o caminho são ações diferenciadas na escola. Quanto ao seu sonho, o mesmo que o meu, acho que um caminho são atividades de contra turno, as crianças ficariam um período na escola “formal”e outro em uma instituição inovadora, que pudesse instigar nas crianças novas formas de criar e aprender. Boa sorte!

  • Priscilla Silveira

    Olá! Este primeiro módulo foi muito instigador! Já adorando o curso. Gostaria de deixar duas perguntas que me fiz ao refletir sobre o conteúdo do vídeo e textos para começarmos uma boa discussão:

    1.Como garantir uma formação adequada se os alunos escolhem seus próprios caminhos investigativos? Teriam maturidade para isso? Chegariam a uma aprendizagem efetiva no final? Já existem estudos que demonstrem essa efetividade?

    2. O papel do professor passaria a ser o de provocador, motivador, preparador de descobertas em espaços que hoje são preparados para a transmissão do conhecimento. Que mudanças na estrutura curricular e no ambiente de aprendizagem devem ser realizadas para a efetiva prática da aprendizagem em rede nas instituições?

    • débora Duran

      Olá, Priscilla e demais colegas!

      Assim como você, também estou bem animada com o curso.

      Bem, após conferir os vídeos e fazer a leitura do texto de referência, fiquei pensando em muitas coisas…

      Sobre as dúvidas, especificamente, gostaria de compartilhar com o grupo algumas das minhas inquietações:

      1) Morin, em suas reflexões, recuperou a máxima de Montaigne: entre os estudos, devemos começar por aqueles que nos façam livres. Por esse motivo, “uma cabeça bem-feita vale mais do que uma cabeça cheia”.

      Concordo, mas fico pensando: para haver uma cabeça bem-feita, deve ser cheia de algo. Obviamente, os conteúdos não são suficientes, daí estarmos, na Pedagogia, às voltas com as competências que envolvem conteúdos, atitudes, habilidades e valores. No entanto, sua importância não pode ser minimizada.

      Assim, como você, Priscilla, fica pra mim a pergunta:

      Como articular as necessidades de ensino (currículos formais que pretendem sistematizar os conhecimentos produzidos pela humanidade) às necessidades de aprendizagem? Quem não consegue nem seguir rotas conseguiria construir redes?

      2) Como implementar propostas inovadoras em instituições altamente hierarquizadas?

      No meu caso, especificamente, esse é um enorme desafio, pois sou professora/pesquisadora nas Forças Armadas.

      3) Será mesmo que não temos que aprender o que nos querem ensinar?

      O x da questão não seria outro, isto é, como despertar nos alunos o interesse por aquilo que necessitam aprender para que possam, então, desenvolver projetos próprios?

      • marcelomaceo

        Olá Débora! Que bom que está gostando.

        Olha só, quanto tinha 9 anos de idade, já era apaixonado pelo universo e suas forças. Estudava astronomia e astrofísica com muita paixão. Com um amigo, tivemos o desejo de construir uma nave (inventando nossa própria tecnologia! rs). Tive um pai que me apoiava muito (dava dinheiro pra eu poder comprar os livros para estudar), inclusive quando podia estava investigando junto. Não nos ensinava nada, só estava aprendendo e pesquisando como um de nós.

        Bom, claro que não saiu nenhuma nave dali, mas fizemos nosso projeto e inventamos sim nossa “própria tecnologia”, hahaha. O que eu aprendi com este processo foi muito rico. Não apenas por tudo o que através da aprendizagem se estabeleceu na convivência, na interação, mas aprendi investigando muito mais se tivesse um professor me ensinando as matérias relacionadas.

        O despertar do interesse do que tinha que aprender, partiu do meu desejo de construir uma nave espacial :-). A partir daí, corri atrás (e não tinha internet, com seus trocentos fóruns, sites e mídias sociais pra facilitarem a busca).

      • Oi, Débora

        Retomo aqui para dar algumas respostas mais específicas às suas perguntas.

        Com todos os méritos de Morin (por quem tenho grande carinho, pela influência que teve em meus primeiros questionamentos sobre a educação), a supervalorização do ensino continua sendo sua fraqueza.

        O projeto transdisciplinar não pode se realizar por meio do ensino. Só a aprendizagem livre é transdisciplinar por natureza, enquanto o ensino sempre é um esquema que alguém organiza e planeja para (conduzir) os outros.

        Assim, sua pergunta revela uma contradição fundamental que vivemos nos ambientes educacionais. Como articular necessidades de ensino e de aprendizagem?

        Precisamos reconhecer que se tratam de coisas fundamentalmente distintas.

        Nenhum ser vivo ou humano pode viver sem aprender. É uma necessidade básica, uma condição de existência e uma manifestação inescapável de todos nós. Estamos o tempo todo aprendendo.

        Já o ensino não constitui uma necessidade essencial dos seres humanos em si mesmos, e sim com o cumprimento de expectativas que depositamos sobre as outras pessoas (de coisas que nós achamos que elas deveriam saber, ou de formas que nós achamos que elas deveriam se comportar — e não do que elas gostariam de conhecer, das habilidades que elas gostariam de desenvolver, etc).

        É importante percebermos isso.

        Estamos hipnotizados com a ideia de que devemos ter um currículo que incuta nas pessoas os conteúdos essenciais — e que todos devam saber das mesmas coisas, aprendendo da mesma maneira, na mesma velocidade, sob os mesmos métodos, sempre sob direção de alguém que diga pra onde você deve ir, e que constantemente avalie sua habilidade de seguir esse caminho.

        Está evidente que esse modelo não atende a curiosidade e as aspirações humanas, que são imensamente diversas e complexas. Elas não podem caber em um currículo pré-determinado.

        Ambientes interativos de aprendizagem são uma espécie de fissura nesse padrão. Eles são uma janela para novas possibilidades de aprendizagem (fora dos trilhos rígidos do currículo) e de expressão de potenciais humanos essenciais, mas que não encontram espaço em ambientes tradicionais de ensino.

        Voltemos mais um vez à sua questão: “Como articular as necessidades de ensino (currículos formais que pretendem sistematizar os conhecimentos produzidos pela humanidade) às necessidades de aprendizagem?”

        Primeiramente, o ensino não é uma mera sistematização de conhecimentos produzidos pela humanidade. Se fosse isso, teríamos formas muito mais inteligentes de instigar as pessoas a se apropriem do legado cultural da humanidade. Em vez de treiná-las pra dar respostas prontas, incentivá-las a fazer perguntas. Na tentativa de responder perguntas que tenham sentido para elas, vai se encontrar todo tipo de conhecimento humano já produzido, e que servirá de “insumo” (digamos assim) para chegar onde queremos.

        Todos os itens essenciais do currículo podem ser aprendidos por meio de trajetórias livres de investigação, aprendizagem e criação. Com a diferença de que milhares de outras coisas também serão aprendidas, de forma de nenhum currículo do mundo poderia prever ou proporcionar.

        Se um item ou outro do currículo não for coberto, qual o problema? Será que todos devemos saber os itens dessa lista? Não seria mais importante empoderar as pessoas a descobrir as coisas que elas querem ou que sejam importantes para elas? Se elas aprenderem a fazê-lo (ou seja, aprenderem a aprender), isso não as torna capazes de aprender qualquer item do currículo, se algum dia isso se mostrar necessário para elas?

        Mas o ensino não tem a ver só com conteúdos. Ele também envolve, como todos sabemos, um tipo de treinamento.

        E aqui entramos em uma bifurcação: de um lado, o ensino obrigatório; de outro, o ensino solicitado.

        Tratamos disso em um dos módulos do INOVA-EDU, mas é bom reforçar.

        O ensino solicitado pode ser um parceiro da aprendizagem. Quando eu peço a alguém que me ensine algo, significa que estou aberto, curioso e desejo ajuda.Este “ensino” é, na verdade, um compartilhamento de conhecimentos ou de habilidades. É uma relação colaborativa, mutuamente empoderadora.

        Este ensino tem total sinergia com um ambiente interativo de aprendizagem, onde as pessoas aprendem umas com as outras (alterdidatismo).

        O problema é o ensino obrigatório (heterodidata), que instaura uma relação de controle e dominação, no qual algumas pessoas obrigam as outras, geralmente contra sua vontade, a estudar coisas ou reproduzir comportamentos. Nesse caso, o ambiente interativo de aprendizagem funcionará como algo paralelo ao modelo pedagógico predominante. Será como uma bolha de liberdade em meio a um mar de ensino obrigatório. Não tem jeito.

        Mas que bom que existe a bolha! Por isso insistimos aqui na importância de configurar esses ambientes mesmo nas instituições de ensino. Fará muito bem às pessoas, às relações humanas e abrirá uma série de possibilidades inexploradas pelo modelo tradicional.

        Só não podemos entender que ensino obrigatório é a “educação de verdade”, e com isso subordinar os ambientes interativos de aprendizagem a uma dinâmica curricular. Isso significa matá-los. Eles são de outra natureza, que precisa ser mantida se quisermos colher os bons frutos que esses ambientes proporcionam.

    • marcelomaceo

      Priscila, tudo bom? Sobre suas questões, pensei aqui propor uma reflexão sobre outras: O que é uma formação adequada? E o é para quem, do ponto de vista de quem? O que seria uma aprendizagem efetiva?

      Sobre a mudança do papel do professor, eu o vejo mais como um interagente que também aprende junto com outras pessoas (crianças, adultos, idosos…). À medida em que, durante a interação, há o desejo e o pedido de uma pessoa em aprender algo que outra pessoa sabe, não há problema no ensinar (do ponto de vista abordado pelo programa). Há bloqueio de fluxos, de liberdade, de inovação e criatividade, quando separamos corpo docente do discente, e definimos o que, quando e como outra pessoa deve ser ensinada.

      Não sei se uma sociedade altamente conectada são necessárias mudanças e esforço de alterar todo o esquema de ensino de uma cidade, estado, quanto mais de um país. Acredito que isso replica a ideia da existência de um mundo único, com escassez de caminhos, de possibilidades. Hoje, inúmeras experiências de aprendizagem pipocam pelo mundo todo, e temos cada vez mais acesso à elas. Penso que o ensino e suas intituições tal como conhecemos não deixarão de existir, mas se mostrarão cada vez mais obsoletas e desnecessárias. Se eu fosse arriscar responder sua pergunta, para haver aprendizagem (e nao ensino) repensaria se há necessidade de qualquer grade curricular e não relacionaria processos de aprendizagem apenas com ambientes dentro de quaisquer instituições de ensino.

      • Priscilla Silveira

        Oi, Marcelo! Achei muito interessante a ideia de um professor interagente! A aprendizagem realmente é uma ponte entre eu e o outro de mão dupla! Concordo que o termo ensino passa a ser inadequada nesta perspectiva. Melhor aprendizagem mesmo! Acho radical afirmar que se há caminhos pré-determinados há um bloqueio de fluxo e dai não se pode inovar. Talvez, eu diria que a criatividade não fosse totalmente estimulada. Estive pensando muito em minha realidade de universidade particular e penso que se nos caminhos pré-determinados(que existem hoje não temos como negá-los no momento, fossem criados espaços específicos para a criação, começaríamos uma fase de transição possível de uma aprendizagem hierarquizada para uma aprendizagem livre. O que você acha disso? Mas gostaria muito de ver um case de uma escola ou universidade neste modelo livre…

        • marcelomaceo

          Oi, Priscila!

          Sobre caminhos pré-determinados versus inovação, na verdade, penso que existe um gradiente. Analisando topologias de rede, desde a 100% centralizada até a 100% distribuída, observamos que os padrões de interação variam de acordo com a liberdade do fluxo. Se há mais caminhos, há mais rede, há mais inovação, mais criatividade, alterdidatismo, mais invenção, mais aprendizagem. Se há menos caminhos livres, ou seja, obstruídos, cortados, pré-determinados etc, há mais padronização, repetição, previsibilidade, heterodidatismo, ensino.

          Sobre a ideia de transformar uma instituição hierarquizada em livre, por experiência própria e de outros amigos, vejo isso com muito pouca chance de sucesso. É como querer mudar o software sem mudar o hardware. Não são novas metodologias ou tecnologias “inovadoras” que irão mudar os fluxos para a aprendizagem, e sim uma reconfiguração da topologia do ambiente institucional como um todo. Só que quando se tenta fazer isso, existem diversos “programas de recovery” que começam a rodar em diferentes níveis de modo impedir uma mudança estrutural. Mas isso que você disse sobre criar espaços específicos, vem de encontro totalmente com uma das propostas oferecidas neste programa, que é justamente criar um laboratório experiencial interno, e observar como pode se desenvolver…

        • Priscila,

          Concordo com o Marcelo que se trata de um gradiente.

          Acho importante criarmos espaços para experiências inovadoras mesmo em organizações precipuamente voltadas aos ensino. Mesmo que isso não reconfigure completamente a organização, ao menos permitirá novas vivências. Posso garantir que será uma experiência transformadora para as pessoas que ali estiverem. Será algo memorável para muitas delas — e sabe-se lá que efeitos poderá ter sobre suas vidas.

          Há várias escolas e universidades experimentando estas novas dinâmicas.

          A Escola da Ponte é um caso clássico e bem conhecido de escola que, nesse “gradiente”, foi bastante em direção da livre aprendizagem, mesmo mantendo algumas características escolares. Também ficaram famosas as experiências educacionais da Finlândia e da Dinamarca, por exemplo, onde o currículo está sendo superado.

          Nas universidades, temos muitas experiências de Flipped classroom, Active learning classroom, Crowdlearning, Problem based learning, Backward design e outras, inclusive em universidades prestigiosas como MIT, Yale e Harvard (algumas delas com projetos de salas de aula muito semelhantes ao que estamos propondo aqui na configuração física dos ambientes). A Olin College tem uma interessantíssima experiência de formação de engenheiros sem um única aula formal. São alguns exemplos.

          Pra mergulhar nesse assunto da universidade, dá uma olhada no texto Multiversidade: http://pt.slideshare.net/augustodefranco/multiversidade-14430153

          Abraço!

    • Oi, Priscilla! Bom te ver por aqui. Que bom que deu tudo certo. 🙂

      Você fez várias perguntas importantes, por isso até me estendi bastante na resposta.

      “1.Como garantir uma formação adequada se os alunos escolhem seus próprios caminhos investigativos? Teriam maturidade para isso? Chegariam a uma aprendizagem efetiva no final? Já existem estudos que demonstrem essa efetividade?”

      Antes de responder, precisamos situar as perguntas no contexto de mundo em que elas nascem.

      A intenção de garantir uma “formação adequada” se forma em um mundo com poucos caminhos válidos para o modo de aprender, viver, trabalhar, etc. Ou seja, apenas quando acreditamos que existe uma determinada “formação adequada”. Você percebe que isto parte da suposição que existem alguns conteúdos inerentemente importantes que devem ser assimilados, sem os quais o aluno ficará deficitário, incompleto e falhará em seu percurso educativo? Mas é isso mesmo? E mais: esse “percurso educativo” é definido previamente por um conjunto de especialistas que estabelecem as “bases curriculares” sobre as quais a nova geração deve trilhar. Isso parece bom?

      Comecemos pelos conteúdos. Hoje a humanidade produz informação e conhecimento num ritmo acelerado. Todos nós sabemos e experienciamos isso. Estima-se que a cada 2 anos dobre a quantidade de informação já produzida. Nos últimos 16 meses, foi publicada a mesma quantidade de novos livros do que em todo o período anterior, desde a origem da escrita.

      A informação não está apenas mais abundante, ela também está mais rápida, acessível, quase ubíqua.

      Para qualquer problema que se coloque — desde a formação das galáxias, a concepção ética de Kant, ou como desentupir um vazo sanitário — haverá farto material online e offline, muitos de grande qualidade, acessíveis rapidamente.

      Tanta informação que nenhum ser humano individualmente poderia processar, nem em milhões de anos. Mas de onde veio essa ideia de que devemos fazer o trabalho que as máquinas fazem muito melhor, de processas e arquivar informação? A informação está disponível para ser usada como recurso, e não como fim. Ela deve nos servir quando temos o propósito de compreender algo, descobrir, resolver um problema, criar, inventar…

      Para isso, o livre acesso é importante, sem a tentativa de pré-configurar a sequencia de conteúdos pelos quais as pessoas devem passar. As pessoas vão buscar os conteúdos que forem importantes para o que elas querem descobrir ou fazer. E, como nós sabemos, uma coisa leva a outra, que leva a outra, que leva a outra… Você lê um livro, que fala de outro autor, que puxa outro assunto, que você vai buscar na internet, onde tem links relacionados, e te leva pra outras coisas… E também tem os amigos, as pessoas que estão contigo no ambiente interativo de aprendizagem, que também vão indicar novas referências, expor novas ideias, propor outras coisas.

      Ou seja: não vão faltar conteúdos nem oportunidades de aprendizagem!

      Elas são abundantes, e não escassas. Basta não criar artificialmente a escassez, dizendo o que e como as pessoas devem aprender. E assim poderemos nos surpreender muito com as coisas originais que vão aparecer. Vamos descobrir que existem muitos mundos importantes que o currículo tradicional nem sonha em cobrir, mas que serão uma fonte enorme de descobertas, de diversão, de convivência, de satisfação e que farão muito sentido para as pessoas envolvidas.

      Também poderemos descobrir que mesmo uma boa parte do conteúdo presente no currículo tradicional, as pessoas podem aprender e descobrir por si mesmas, interagindo umas com as outras, e buscando realizar o que desejam (de forma que ninguém vai dizer “mas onde vou usar isso na minha vida, professora?”, pois já estará usando).

      Sobre as pessoas estarem preparadas para isso:

      Eu creio que a pergunta não é se elas têm maturidade para estarem livres do currículo, e sim se o currículo obrigatório, pra começo de conversa, ajuda na formação de pessoas maduras e autônomas. Afinal, é isso que queremos, que as pessoas possam aprender a aprender, a colaborar, a criar, que possam ser livres, autônomas e responsáveis por si mesmas, não é?

      Então precisamos começar a criar ambientes onde essas habilidades sejam efetivamente vivenciadas, e não imaginadas no futuro. Essas coisas não podem ser ensinadas. Só podem ser aprendidas pela experiência.

      Faz sentido?

      Abraço!

  • Olá colegas bom dia.

    Fiz associações interessantes entre o que foi apresentado neste módulo e uma animação que vi ontem.
    E claro muito mais…..
    Resolvi compartilhar.
    É certo que decorrem de meu próprio processo de aprendizagem-ensino-aprendizagem, mas pode ser que desperte algumas ‘coisas’ em algumas pessoas.

    https://www.facebook.com/PensandoAoContrario/videos/1002112876544152/

    “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos prestativos e responsáveis possa mudar o mundo. Na verdade é assim que tem acontecido sempre”. (Margaret Mead)

    • Olá Wander, obrigado por compartilhar… Fascinante a naturalidade com que os fatos se conectam e criam sentido. Triste por reconhecer o processo cíclico e repetitivo…

      Com apreço,
      Rafael Giuliano