Democracia & Redes Sociais Módulo 3

Módulo 3

A FENOMENOLOGIA DA INTERAÇÃO EM MUNDOS ALTAMENTE CONECTADOS
O que é sociedade-em-rede e o que são redes sociais? Qual a nova fenomenologia da interação que já está se manifestando na sociedade-em-rede?

Teste 3

Há várias combinações de sentenças que podem ser consideradas "corretas". Escolha sempre aquelas que lhe pareçam ser as melhores alternativas do ponto de vista da democracia.

 

01 - Diz-se que está emergindo uma nova política porque a sociedade está mudando. Sobre a mudança da sociedade, marque a alternativa, a seu ver, mais correta:
a) Não é a sociedade que está mudando e sim a nossa visão sobre ela.
b) A sociedade está mudando e também está mudando a nossa visão sobre ela e essas duas mudanças fazem parte de um mesmo movimento.
c) A sociedade está mudando porque está mudando a nossa visão sobre ela e, assim, estamos nos comportando política e socialmente de modo diferente, provocando, com isso, uma mudança social.
d) Nenhuma das alternativas anteriores é satisfatória.

 

02 - No mundo contemporâneo, sobretudo nas últimas décadas, o cidadão está emergindo como ator. Sim ou não? Se sim, qual o impacto que isso tem causado na desconstrução e ampliação da visão antes estabelecida de sociedade civil como um conjunto de organizações (“sociedade civil organizada”)?
I - Sim, a nova sociedade civil que se desenha no mundo e no Brasil nos últimos vinte anos devolve um papel maior ao cidadão que pensa com a sua própria cabeça, desorganizado do ponto de vista corporativo e partidário, porém mais conectado e mais informado. Isso significa que está havendo uma transição importante daquele tipo de sociedade civil, composta por algumas organizações representativas de defesa de interesses ou mais ou menos alinhadas a ideários político-ideológicos, para um outro tipo de sociedade civil, composta por cidadãos mais independentes e autônomos, que participam como pessoas do debate público e de iniciativas cidadãs voluntárias.
II - Sim, há uma mudança social se processando subterraneamente nas últimas duas décadas e seu impacto será muito grande, embora ainda não seja totalmente visível nos dias de hoje.
III - Sim, mas a mudança mencionada no enunciado e na alternativa (I) acima, é preocupante, pois acena para uma vitória do individualismo (egoísta) em detrimento da participação social (altruísta).
IV - Sim, mas a alternativa (III) acima, não está correta, pois a mudança em tela não significa necessariamente a volta para algum tipo de individualismo ou personalismo. O cidadão que assume um papel de maior protagonismo na nova sociedade civil que está emergindo não é o clássico indivíduo do liberalismo e sim o novo cidadão conectado a múltiplas redes sociais e que, não raro, participa de novas comunidades de prática, de aprendizagem e de projeto.
V - Sim, o indivíduo que se transforma no cidadão conectado de uma sociedade civil que não mais se organiza apenas a partir de esquemas verticais de representação está submetido a um novo fluxo de informações e conhecimentos – ele mesmo é um entroncamento, uma encruzilhada-nodo desses fluxos – mais velozes e densos do que jamais foi possível.
VI - Sim, mas é o indivíduo que se auto-empodera para se transformar no cidadão conectado de uma nova sociedade civil, pois, do contrário, ele jamais poderia assumir protagonismo como indivíduo.
VII - Sim, mas ao contrário do que afirma a alternativa (VI) acima, o indivíduo é encorajado a assumir um novo papel pelo fato de estar imerso em um novo ambiente interativo no qual pode ouvir a voz dos outros e fazer ouvir a sua voz.
VIII - Sim, mas em relação ao que diz a alternativa (VII) acima, é preciso acrescentar que o indivíduo não pode ser empoderado pelas redes sociais das quais participa se não tiver consciência da sua existência e não conhecer suficientemente a estrutura e o funcionamento dessas redes.
IX - Sim e uma compreensão mais profunda das redes sociais acabará por tornar obsoleto o próprio conceito de sociedade civil.
X - Não, o cidadão ainda depende, em grande parte, das instituições e organizações para exercer um papel político na sociedade. Da mesma forma, nenhuma sociedade civil poderia subsistir sem essas formas de organização mais estáveis que a estruturam.

Escolha agora as melhores alternativas:
a) I, II e IX
b) III, VI e VIII
c) X
d) I, II, V e VII
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

03 - Nessa nova sociedade civil que está emergindo, como está se dando a articulação entre liberdade e autonomia – bases da construção de cada um como sujeito – com solidariedade e engajamento em projetos coletivos?
a) A compreensão das redes sociais revela que liberdade não significa menos ordem, senão menos ordem imposta ou mais ordem emergente. E autonomia não significa mais independência, senão menos dependência vertical de instâncias superiores, ou seja, mais interdependência, manifestada em múltiplas relações horizontais.
b) A conexão em rede é uma nova forma de articulação entre o indivíduo e o coletivo, mostrando que liberdade e autonomia podem, sim, conviver com solidariedade e engajamento. No entanto, trata-se aqui de uma outra forma de engajamento, mais movida pelo espírito do voluntariado, mais solidária porque mais cooperativa, do que pela ânsia reivindicativa e pelo ânimo adversarial; quer dizer, menos competitiva.
c) Trata-se de um movimento contraditório, pois as conexões que cada vez mais indivíduos na sociedade contemporânea têm voluntariamente estabelecido com múltiplas comunidades de projeto, de aprendizagem e de prática, encobrem sempre algum interesse material do indivíduo.
d) As conexões voluntárias a que se refere o item (c), acima, estão se expandindo simplesmente porque cada vez mais indivíduos estão a fim de fazê-las (para se sentirem melhor, para viverem e conviverem de um jeito que satisfaça seus desejos e inquietações) e não necessariamente compelidos pela necessidade de reivindicar alguma coisa, como aumentar o seu salário ou conquistar uma posição de poder.
e) Nenhuma das anteriores.

 

04 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s):
a) Toda forma de articulação em rede é necessariamente virtuosa.
b) Redes temáticas ou setoriais que agreguem pessoas interessadas em determinados assuntos ou envolvidas em trabalhos conjuntos podem significar fechamento ao restante da sociedade.
c) Comunidades podem manifestar sectarismo, exclusivismo, intolerância e até discriminação (como, por exemplo, a Dogville, do excelente filme de Lars von Trier).
d) Nas comunidades a que se refere a alternativa (c), acima, a rede social está necessariamente obstruída, centralizada ou multicentralizada, apresentando, portanto, um baixo grau de distribuição.
e) Nenhuma das alternativas anteriores é boa.

 

05 - Instituições hierárquicas conectadas entre si podem constituir uma rede mais distribuída do que centralizada?
a) Instituições hierárquicas podem se articular em rede, mas dificilmente constituirão uma rede capaz de espelhar aquela rede que existe independentemente de nossos esforços organizativos, configurando-se quase sempre como redes descentralizadas.
b) Os fenômenos próprios da rede social tendem a não se manifestar em redes descentralizadas do tipo daquelas que conectam organizações hierárquicas.
c) Instituições hierárquicas tendem a hierarquizar as redes de que fazem parte, que, assim, deixam de ser redes (distribuídas) para se transformar em frentes de entidades ou em coligações de organizações e, às vezes, em holdings.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

06 - Quando falamos de redes falamos de influência? Se sim, como essa influência pode se transformar em poder?
a) Não pode. A esfera (cultural) da influência é distinta da esfera (política) do poder.
b) Depende do que chamamos de poder. A influência em redes distribuídas nunca poderá se transformar no poder de sistemas centralizados ou descentralizados. Mas é possível que esse tipo de influência seja a nova forma de poder compatível com uma sociedade que se organiza cada vez mais segundo a morfologia e a dinâmica de rede.
c) As redes – pelo menos as redes propriamente ditas, quer dizer, distribuídas (ou mais distribuídas do que centralizadas) – não são formas organizativas adequadas para serem utilizadas como aparatos de poder. Assim, a influência que se pode obter na dinâmica de rede não pode ser capturada e acumulada para se transformar em poder no sentido hierárquico do termo, ou seja, no poder de mandar alguém fazer alguma coisa contra a sua vontade.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

07 - Assinale a(s) melhor(es) alternativa(s), do seu ponto de vista:
I - A grande novidade do tempo em que vivemos não é o surgimento de uma sociedade em rede (que, de resto, sempre existiu desde que existem seres humanos em interação), mas a generalização do entendimento de que sociedade = rede social.
II - Na verdade, não existe nada como ‘a’ sociedade: as sociedades são sempre configurações concretas e particulares que, olhadas de certo ponto de vista, revelam seres humanos em interação; quer dizer, a compreensão do social surge quando se constela a percepção de que não existem unidades humanas separadas. De que o social não é o conjunto das pessoas, mas o que está entre elas. E de que cada mundo social é também (um modo de ser) humano.
III - Redes mais distribuídas do que centralizas (ainda) não são possíveis no mundo real.
IV - As pessoas não entendem as redes, antes de qualquer coisa porque não sabem a diferença entre descentralizado e distribuído. Não percebem que descentralizado não é sem centro e sim com muitos centros. Sem centro é distribuído.
V - A ideia de que redes sociais (mais distribuídas do que centralizadas) não são possíveis no “mundo real” (seja lá o que se entende por isso) como forma de (auto) organização da ação coletiva, está baseada no velho preconceito de que nada que agregue uma pluralidade de seres humanos pode funcionar sem administração (baseada em comando-e-controle), sem organização (a partir de modelos de ordem aplicados top down), sem liderança (ou melhor, monoliderança).
VI - Não é possível “fazer redes” em qualquer lugar (por exemplo, na vizinhança, na empresa, na ONG, entidade ou organização da sociedade civil, em um órgão governamental et coetera) porque a estrutura dessas localidades ou organizações é vertical, hierárquica, centralizada.
VII - Pode-se "fazer redes" em quaisquer das localidades ou organizações mencionadas no item (VI) acima, simplesmente porque não há como impedir que as pessoas que estão lá se conectem horizontalmente, de modo distribuído, umas com as outras.
VIII - A hipótese aventada no item (VII) acima só é possível se todas as pessoas (que estão as localidades ou organizações mencionadas) estiverem dispostas a fazer isso; ou se pelo menos a maioria delas não for contra isso.
IX - Não importa se a maioria das pessoas em cada uma dessas territorialidades ou organizações mencionadas no item (VII) acima for contra isso: a partir de três pessoas já é possível começar uma rede distribuída. Fazendo isso, articulando uma rede distribuída, cria-se uma “zona autônoma” (em relação ao poder centralizado).

Escolha agora as melhores alternativas (vale marcar mais de uma alternativa, se for o caso):
a) I, II e V
b) III, VI e VIII
c) IV, VII e IX
d) Nenhuma das alternativas anteriores é boa o bastante.

 

08 - Sobre a relação entre os temas abordados nas questões acima e a democracia. Assinale a(s) melhor(es) alternativa(s) do seu ponto de vista.
I - Nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio começa a brotar a consciência de que fazer rede é fazer amigos. Amigos políticos, no sentido original, grego, do termo ‘político’, que se refere à interação e à inserção na comunidade política; i. e., à polis – que não era a cidade-Estado e sim a koinonia política (como assinalou Hannah Arendt em “A condição humana” (1958): “a polis não era Atenas, e sim os atenienses”). Isso é uma subversão completa das identidades organizacionais abstratas, construídas top down para alocar uma pessoa em um degrau da escada. Para que ela pise na cabeça de quem está no degrau de baixo e tente ultrapassar quem está no degrau de cima, agarrando-se a ele e puxando-o para baixo, como fazem os caranguejos em uma lata...
II - O estudo das redes favoreceu a compreensão da democracia como movimento de desconstituição de autocracia, inaugurada na experiência local dos gregos para evitar a volta da tirania dos Psistrátidas (que, como qualquer poder vertical, se baseava na inimizade política). Tratava-se de preservar a liberdade. Mas como escreveu a mesma Arendt, em “A questão da guerra” (1959): [para os gregos] “a liberdade... é um atributo do modo como os seres humanos se organizam e nada mais”. Isso significa que a falta de liberdade é uma função direta dos superávits de ordem top down.
III - Antes do estudo das redes era mais difícil reconhecer a afirmação contida no item (II) acima, porque todas as organizações verticais se baseiam na inimizade política: quanto mais centralizadas, mais “se alimentam” de inimizade e de seus bad feelings acompanhantes, como a desconfiança. É isso que torna imperativa a necessidade de controle e, por decorrência, a exigência de obediência.
IV - Fazer amigos é uma subversão de todos os mecanismos de comando-e-controle. Fazer amigos que se conectam em rede distribuída dentro de uma organização hierárquica vai desabilitando ou corrompendo os scripts dos programas verticalizadores que rodam nessa organização. Redes distribuídas, mesmo com pequeno número de nodos, funcionam, assim, dentro de uma organização hierárquica, como espécies de vírus; ou melhor, de anti-virus (pois em relação à rede-mãe – aquela rede que existe independentemente de nossos esforços conectivos voluntários, à rede que existe desde que existam seres humanos que se relacionam entre si – são os programas verticalizadores que devem ser encarados como vírus).
V - Cada piramidezinha que construímos, nos espaços privados e públicos que habitamos, na nossa família, escola, igreja, entidade, corporação, empresa, partido ou governo, vai viabilizando a prorrogação da infestação do poder vertical. Pelo contrário, cada rede que articulamos vai dificultando a propagação desse vírus ou a replicação desse meme, por meio da criação de zonas autônomas, mesmo que sejam temporárias, criando condições para que a confiança possa transitar (ou para que o capital social possa fluir, se preferirmos usar essa metáfora), para que a competição possa ser convertida em cooperação; enfim – em um sentido ampliado do termo – para a manifestação da amizade (ou para fazer “downloads” daquela emoção que Maturana (5) chamou... vejam só!, de amor.
VI - Não se trata de converter as almas por meio do proselitismo, do discurso ético normativo, exalçando as vantagens da cooperação sobre a competição, como imaginavam os adeptos das concepções 2.0. Trata-se de adotar padrões de organização que viabilizem a conversão de competição em cooperação. Parodiando Arendt, “a cooperação... é um atributo do modo como os seres humanos se organizam e nada mais”. Se nos organizamos segundo um padrão de rede distribuída, isso começa a ocorrer “naturalmente”; quer dizer, é uma fenomenologia que se manifesta em função da topologia (e não das boas intenções dos sujeitos).
VII - Uma organização hierárquica de seres animados pelas melhores intenções, cheios de amor-prá-dar, não se constitui como um ambiente favorável à cooperação. Em outras palavras, o capital social de uma organização rigidamente centralizada será sempre próximo de zero, mesmo que tal organização seja composta por clones de Francisco de Assis ou por réplicas perfeitas de Mohandas Ghandi.

Escolha agora (vale mais de uma opção):
a) II e III
b) I
c) III e IV
d) VI e VII
e) V
f) Todas as alternativas anteriores são boas.
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

09 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) As redes sociais só puderam surgir com as novas tecnologias de informação e comunicação.
b) É o ambiente que muda as pessoas, não a tecnologia.
c) A influência do ambiente depende de padrões conformados pela interação.
d) O ambiente muda as pessoas porque o comportamento individual é sempre função, em alguma medida, das relações entre as pessoas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

10 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Redes são um novo tipo de organização surgida com as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs).
b) Redes são um padrão de organização que pode ser ensaiado com diferentes mídias e tecnologias (até com sinais de fumaça, tambores, conversações presenciais, cartas escritas à mão em papel e transportadas à cavalo et coetera) e, portanto, não dependem dessa ou daquela tecnologia específica.
c) É o social que determina comportamentos, não o tecnológico. Pode-se usar tecnologias interativas de um modo que não altere em nada ou quase nada os padrões de interação.
d) Ainda que tecnologias mais interativas em tempo real (ou sem-distância) possam facilitar a adoção de padrões mais distribuídos do que centralizados de organização – e possam, além disso, acelerar a interação – é o modo como as pessoas interagem (social) e não o recurso (tecnológico) que determina o comportamento coletivo.
e) A fenomenologia é sempre função da topologia, seja qual for a tecnologia empregada.
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

11 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Acelerando a interação alguns fenômenos que só seriam perceptíveis em linhas temporais muito longas, podem ser captados mais rapidamente. É o caso do swarming de pessoas: enxameamentos cívicos levando a grandes manifestações de massa podem ser observados em horas ou até minutos.
b) A hipótese aventada na opção (a) anterior só é possível caso haja possibilidade de conexão em tempo real (por telefone móvel ou e-mail, por exemplo).
c) Os fenômenos mencionados na opção (a) acima ocorrerão por causa da tecnologia.
d) Se as pessoas não puderem interagir uma-a-uma (P2P), se não estiverem conectadas segundo um padrão distribuído (ou mais distribuído do que centralizado), de pouco adiantarão as mais avançadas tecnologias interativas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

12 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Deixando a teoria de lado: na prática, redes sociais não poderiam existir sem mídias sociais, redes digitais, ambientes virtuais, sites de relacionamento (como Facebook ou Twitter) ou plataformas interativas.
b) Ao contrário do que acreditavam os supostos especialistas em redes sociais na Internet, não é o conteúdo do que flui a variável fundamental para explicar a fenomenologia de uma rede e sim o modo-de-interagir.
c) Tudo pode ser reduzido, em última instância, à informação. Logo, redes, de máquinas ou de pessoas, que trocam conteúdos entre si, podem ser concebidas como redes de informação.
d) É o padrão de interação que é relevante e não a transmissão-recepção da mensagem entendida como um conteúdo de arquivo.
e) Redes sociais não são redes de informação e sim de comunicação.
f) Redes são sistemas interativos e a interação não é apenas uma transmissão-recepção de dados: se fosse assim não haveria como distinguir uma rede social (pessoas interagindo) de uma rede de máquinas (computadores conectados, por exemplo).
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

13 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Redes sociais são ambientes de interação, não de participação
b) A afirmação do item (a) acima só é válida para redes distribuídas, quer dizer, mais distribuídas do que centralizadas. Quanto mais distribuída for a topologia de uma rede, mais ela poderá ser i-based (interaction-based) e menos p-based (participation-based). Tudo que é fluxo é i-based, não p-based.
c) Todas as alternativas anteriores.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

14 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Diga-se o que se quiser dizer, a fenomenologia de uma rede social é função das características de seus nodos (as pessoas: das suas ideias, conhecimentos, habilidades, valores ou preferências).
b) A fenomenologia de uma rede é função, basicamente, da sua topologia.
c) O comportamento coletivo não depende dos propósitos dos indivíduos conectados (ou de suas outras características, individualizáveis). Ele é função dos graus de distribuição e conectividade (ou interatividade) da rede.
d) Não é o conteúdo do que flui pelas suas conexões que pode determinar o comportamento de uma rede. É o fluxo geral que perpassa esse tecido ou campo, cujas singularidades chamamos de nodos, que consubstancia o que chamamos de rede.
e) Todas as alternativas anteriores
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

15 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Os fenômenos que ocorrem em uma rede não dependem das características intrínsecas de seus nodos.
b) Em alguma medida os fenômenos que ocorrem em uma rede dependem sempre das características intrínsecas de seus nodos, do contrário não se poderia distinguir uma rede de outra.
c) Os nodos não são propriamente pontos de partida nem de chegada de mensagens, como se fossem estações ligadas por estradas por onde algum objeto ou conteúdo vai transitar.
d) Nas redes sociais, os nodos não existem como tais (como pessoas) sem os outros nodos a ele ligados, constituindo-se, portanto, cada um em relação aos demais, como caminhos de constituição disso que chamamos de ‘eu’ e de ‘outro’.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
f) Todas as alternativas anteriores.

 

16 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Existem sempre determinadas características intrínsecas dos sujeitos que lhes conferem a capacidade de exercer poder sobre os outros: sua vocação administrativa ou seu carisma, sua gravitatem ou sua liderança.
b) A liderança sempre emerge espontaneamente na rede, quando alguém toma uma iniciativa que é seguida por outros.
c) Embora a liderança possa surgir espontaneamente em determinadas circunstâncias, nem todas as pessoas têm as qualidades necessárias para manter a liderança em suas mãos por muito tempo.
d) A prevalência do mesmo líder em todos os assuntos e atividades constitui-se contra a liderança e só pode se constituir assim em estruturas mais centralizadas do que distribuídas, ou seja, em estruturas onde foi introduzida a escassez de caminhos.
e) Todas as alternativas anteriores.
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

17 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Foi a escassez (natural, de recursos) que gerou a hierarquia e, assim, a hierarquia brotou espontaneamente do caos, como modo de organizá-lo.
b) Se a hierarquia não brotasse naturalmente ela não teria aparecido na natureza e não seria encontrada, por exemplo, em colmeias, formigueiros, matilhas (macho-alfa) e grupos de primatas.
c) A escassez que gera hierarquia é introduzida artificialmente, sempre pela supressão de caminhos. Não há uma escassez em si. O conceito é relacional: escassez, quando há, é sempre em relação a algo ou alguém que carece de determinados recursos em determinado ambiente.
d) A hierarquização (que é uma centralização) ocorre porque há clusterização (ou aglomeramento provocado pela dinâmica de uma rede).
e) O poder não surge da clusterização e sim (entre outras coisas) do desatalhamento (supressão dos atalhos) entre clusters (aglomerados).
f) A manutenção das hierarquias não ocorre em função de qualquer discordância consciente das redes por parte dos agentes de um sistema hierárquico. Uma vez erigidas, as hierarquias tendem a se manter e reproduzir por força de circularidades inerentes às suas interações recorrentes. É uma espécie de mecanismo de segurança do sistema contra sua dissolução. É uma maneira de se proteger do caos representado pela ausência de ordem top down.
g) Todas as alternativas anteriores.
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

18 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) Em redes distribuídas não se pode diferenciar papéis ex ante à interação.
b) Qualquer organização exige diferenciação de papéis pré-definíveis: este é um axioma universal da ciência da administração. Isso ocorre na sociedade e também na natureza: por exemplo, as formigas já nascem com funções especializadas: forrageiras, operárias, soldados.
c) Só há necessidade de administrar um sistema se esse sistema foi construído a partir da seleção de caminhos para normatizar o fluxo e isso é impossível fazer isso sem comando e controle.
d) Redes distribuídas são estruturas sem-administração, que se regulam por emergência (quanto mais distribuídas o forem). Nas novas organizações mais distribuídas do que centralizadas, os papéis ou funções se definem e redefinem continuamente a partir da interação.
e) É impossível, no mundo real, organizações sem algum tipo de administração.
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

19 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) As redes sociais - como tudo na vida social - são formadas a partir de escolhas racionais feitas pelos indivíduos: ao fim e ao cabo elas são sempre construídas voluntariamente com propósitos definidos e baseados nos interesses dos indivíduos.
b) As redes sociais só existem porque existem os indivíduos humanos que resolvem se conectar.
c) As redes (sociais) não somam suas partes (individuais) porque elas não são propriamente constituídas por essas partes, mas pelas relações que se efetivam, pela configuração móvel das interações que se processam ou pelo emaranhado que se trama a cada instante.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

20 - Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)
a) As redes sociais são uma nova forma de organização recentemente descoberta que pode ser usada para vários objetivos ou empregada a serviço de uma causa.
b) Os caminhos que uma rede social seguirá dependerão da sua dinâmica, dos fenômenos particulares que nela ocorrerão a partir da livre interação. Mas uma rede social não pode ser nada mais do que uma rede distribuída.
c) As redes sociais distribuídas não são instrumentos para realizar alguma mudança: elas já são a mudança.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

 

21 - Examine as sentenças abaixo e faça depois suas escolhas:
I - A principal descoberta da nova ciência das redes foi a de que tudo que interage clusteriza, independentemente do conteúdo, em função dos graus de distribuição e conectividade (ou interatividade) da rede social. Sem clustering nenhum movimento poderia acontecer em sistemas interagentes e, assim, esta foi a principal descoberta da nova ciência das redes.
II - A principal descoberta da nova ciência das redes foi a de que tudo que interage pode enxamear. Swarming (ou swarm behavior) e suas variantes como herding e shoaling, não acontecem somente com insetos, formigas, abelhas, pássaros, quadrúpedes e peixes. Em termos genéricos esses movimentos coletivos (também chamados de flocking) ocorrem quando um grande número de entidades self-propelled interagem. Algum tipo de inteligência coletiva (swarm intelligence) está sempre envolvida nestes movimentos. Já se sabe que isso também ocorre com humanos, quando multidões se aglomeram (clustering) e “evoluem” sincronizadamente sem qualquer condução exercida por algum líder; ou quando muitas pessoas enxameiam e provocam grandes mobilizações sem convocação ou coordenação centralizada, a partir de estímulos que se propagam P2P, por contágio viral. Pelos seus efeitos (observáveis nos dias que correm), esta foi a principal descoberta da nova ciência das redes.
III - A principal descoberta da nova ciência das foi a de que a imitação também é uma das formas da interação e, desse ponto de vista, a imitação é uma clonagem. Poucos perceberam isso. Como pessoas todos somos clones, na medida em que somos culturalmente formados como réplicas variantes (embora únicas) de configurações das redes sociais onde estamos emaranhados. Essa é a principal descoberta porque sem imitação não poderia haver ordem emergente nas sociedades humanas ou em qualquer coletivo de seres capazes de interagir.
IV - A principal descoberta da nova ciência das redes foi a de que small is powerful. Essa é a mais surpreendente descoberta de todos os tempos. Em outras palavras, isso quer dizer que o social reinventa o poder. No lugar do poder de mandar nos outros, surge o poder de encorajá-los (e encorajar-se): empowerment! Small em termos sociais é resultado de crunching (do amassamento provocado no mundo social pela redução dos graus de separação entre as pessoas). O crunching foi, assim, a principal fenomenologia da interação descoberta pela nova ciência das redes.

Escolha agora (pode valer mais de uma opção):
a) Todas as descobertas mencionadas no itens (I a IV) acima são igualmente importantes.
b) I
c) II
d) III
e) IV
f) Na verdade, todos os fenômenos da interação descritos nos itens (I a IV) acima se manifestam juntos (eles - juntamente com alguns outros ainda, não mencionados - contribuem para definir ou caracterizar o que chamamos de interação).
g) Nenhuma das alternativas anteriores.
h) Todas as alternativas anteriores.

 

Formulário para resposta

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  • Pá Falcão

    Esse módulo foi complexo… Me fez pensar em muitas coisas, principalmente em como criar organizações verdadeiramente democráticas na prática… Me lembrou também a psico-história de Hari Seldon, acho que Asimov foi por esse caminho quando criou. Vou reler a saga de Duna. Adorei!

    Ja tem modelos matemáticos desses 4 fenômenos ou isso não é possível? Fiquei pensando em sistemas fuzzy pra modelar…